sexta-feira, 7 de junho de 2013

POLÍTICA - Pezão e Lindbergh.

Pezão e Lindbergh, um confronto no Rio de Janeiro

Pedro do Coutto
Se foi dada a partida para a sucessão presidencial, surgindo à primeira vista a polarização entre Dilma Rousseff, favorita, e Aécio Neves, virtual candidato do PSDB, é natural que nos demais estados da Federação o processo eleitoral comece a ser movimentado. Entretanto, de acordo com a reportagem de Marcelo Emígio e Cássio Bruno, O Globo de segunda-feira, o movimento mais intenso ocorre no Rio de Janeiro colocando no primeiro plano do confronto o vice de Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão, do PMDB, e o senador Lindbergh Farias, do PT. Surgiram também as candidaturas potenciais de Miro Teixeira, PDT, Cesar Maia, DEM, Anthony Garotinho, pelo PR.
O fato de a disputa se concentrar entre os candidatos prováveis do PMDB e do PT não significa ruptura da aliança entre os dois partidos em torno da reeleição da presidente Dilma. Houve um momento em que sim quando o governador do RJ mobilizou-se contra a candidatura petista e condenou a armação de um palanque duplo no Estado que poderia prejudicar a candidata a um novo mandato em Brasília.
Mas, com base em suas próprias declarações publicadas sábado também no Globo, de que seu apoio a Dilma é total e absoluto, é de supor que o chefe do Executivo estadual reformulou sua posição diante da questão. Deixou no ar pelo menos a impressão de que continuará apoiando a presidente da República em quaisquer condições. A menos, o que não parece lógico, a presidente tenha decidido empenhar-se na manutenção da aliança em torno de Pezão. Se não aconteceu nada disso, a hipótese de uma ruptura na base de apoio no terceiro colégio eleitoral do país parece afastada. Nesse caso, as urnas vão decidir sem a interferência federal.
SEGUNDO TURNO
Nesse caso segundo turno provável no plano fluminense, não só pelo aparente equilíbrio entre os dois principais candidatos, mas também em função de outras três candidaturas projetadas. E uma hipótese inclusive viável na área federal, principalmente na hipótese de Eduardo Campos vir efetivamente a se candidatar pelo PSB e da ex senadora Marina Silva conseguir criar sua legenda. Ou então se, diante de uma impossibilidade, terminar ingressando numa das legendas de oposição disponíveis. Segundo turno no plano federal, segundo turno também no plano estadual.
As eleições de 2014, assim, não seriam decididas nas urnas do primeiro domingo de outubro, mas sim no último domingo daquele mês. O segundo turno, uma invenção francesa de De Gaulle, nas urnas de 1965, quando derrotou Mitterrand na disputa definitiva, traz consigo a vantagem de harmonizar as correntes envolvidas na disputa, proporcionando, pelo menos, esta foi asa intenção, a possibilidade de uma união ideológica, uma espécie de denominador comum entre as principais facções. A ballotage, como é chamada na França, é uma forma de estabelecer previamente, na véspera das urnas, um programa de governo que reúna as correntes envolvidas no pleito.
Com reflexo na formação da maioria parlamentar após apurados os votos finais. As representações políticas nas equipes de governo seriam igualmente projetadas compondo as futuras administrações. De Gaulle partiu do princípio de que nos regimes democráticos dificilmente uma corrente teria, sozinha força suficiente para vencer também as eleições proporcionais e dessa forma consolidar  a base legislativa do governante vitorioso. Claro que esse pensamento não se  repete em nosso país. Mas deveria. Em todo caso, o segundo turno é uma forma de resolver os impasses surgidos no primeiro. É estabilizador.
Fonte: Tribuna da Imprensa.

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