quarta-feira, 3 de julho de 2013

POLÍTICA - As respostas dos governos.

População continua aguardando respostas dos governos

Moradores da Comunidade da Maré protestam contra a violência policial Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
Pedro do Coutto

As recentes pesquisas do Datafolha sobre a queda verificada na aprovação da presidente Dilma Rousseff, dos governadores Sérgio Cabral e Geraldo Alckmim, e dos prefeitos Eduardo Paes e Fernando Haddad refletem não somente insatisfação popular, mas também significam uma cobrança dos governantes para solucionar, ou pelo menos adotarem providências concretas para iniciarem um encaminhamento efetivo. Este, sem dúvida, é o conteúdo das mensagens a respeito dos que concentram em suas mãos e pensamentos as engrenagens do poder. Do poder de resolver. Assim, para que possam reverter a tendência declinante têm todos eles a necessidade de iniciarem um processo de recuperação, que não se constituirá em tarefa fácil.
O plebiscito, no plano federal, destinado a provocar uma situação de impacto, pode não ser suficiente. O eleitorado pode definir algumas de suas vontades no campo político. Mas isso não será suficiente: a angústia da sociedade não se encontra nesse ponto da questão. Encontra-se na saúde, educação, creches, transporte, saneamento, seguridade pública. Pois não será decidindo-se sobre o sistema eleitoral ou a respeito da forma de financiamento das campanhas que, em consequência, os hospitais vão funcionar mais e melhor.
A pesquisa do Datafolha, objeto de reportagem de Cássio Bruno e Sílvia Amorim na edição de O Globo de terça-feira (a Folha de São Paulo publicou na véspera) expande-se ao plano eleitoral. Em São Paulo, diminuiu a margem de Alckmim sobre  Paulo Skaf, presidente da FIESP, possível candidato do PMDB. No Rio de Janeiro, Lindbergh Farias alcançou 17 pontos, Garotinho 15, Cesar Maia também 15 e Luiz Fernando Pezão 8%.
A presidente Dilma Rousseff, em evento na Rocinha, antes do vendaval de manifestações, destacou a atuação do vice-governador. Parecia o início de superação da candidatura de Lindbergh pelo PT. Agora, o panorama pode ter mudado. As quedas de aprovação e os percentuais de intenção de votos, pelo menos, levarão a uma revisão ou à adoção de um tempo maior para a presidente opinar. Pois ela se encontra numa fase marcada por um esforço de recuperação, não podendo abrir nenhum flanco capaz de refletir contrariamente ao trabalho que desenvolve em busca do terreno perdido no momento.
RETRAIMENTO
Mas se sob o ângulo político, a fase é de retraimento, a do atendimento das reivindicações legítimas deve ser de expansão. Já deveria inclusive ter se iniciado. A partir d onde? É a pergunta. A dificuldade de resposta não deve servir de obstáculo. Afinal na vida tudo começa num momento e num ponto. Em minha opinião, os setores urgentes são a saúde e o transporte em face de poderem proporcionar reflexos prontos na vida da população. Pois tanto a doença quanto a locomoção são desafios diários. Ninguém tem hora estabelecida para buscar socorro médio. Em contrapartida, as grandes massas têm hora para chegar ao trabalho.
Os governos federal, estaduais e municipais precisam se articular. Não apenas, como ocorreu, encontrarem-se no Palácio do Planalto, mas adotarem soluções conjuntas efetivas. Somente assim vão poder encontrar-se diariamente com milhões de seres humanos que continuam aguardando respostas para o que pedem. E o que não é muito, comparando-se as obrigações de que estão investidos os poderes públicos. As respostas contidas no levantamento do Datafolha acentuam um emperramento. Na Justiça, por exemplo, ações demoram mais de dez anos. Operações em hospitais públicos dez meses, na melhor das hipóteses. Os atos de corrupção e superfaturamento de preços são concretizados em poucos dias. Os governos precisam agir. As quedas de suas aprovações são a melhor prova de uma amarga realidade.

Nenhum comentário: