quinta-feira, 11 de julho de 2013

POLÍTICA - "DIA NACIONAL DE LUTA".

Blog do Ricardo Kotscho

“Dia Nacional de Luta” fracassa e lembra um filme de época


Em São Paulo, meio dia, hora marcada para o início do principal ato de protesto organizado para o "Dia Nacional de Luta" pelas centrais sindicais nesta quinta-feira fria e ensolarada na maior cidade do país. Da avenida Paulista, a umas dez quadras de onde moro, vem um alarido que me lembra carro de som, velhas palavras de ordem entoadas pela multidão, que na verdade se resume a umas duas mil pessoas. Luta contra quem, para quê?
Se era para ser um contraponto às oceânicas manifestações de junho convocadas pelo facebook, sem líderes nem palanques, o movimento das centrais deu com os burros n´água, como se dizia no tempo em que os sindicatos mobilizavam as massas já nos extertores do regime militar, no final dos anos 1970.
São Paulo não parou, nem qualquer outra grande cidade do país, como havia anunciado o deputado federal Paulo Pereira da Silva, boquirroto presidente da Força Sindical. Ao contrário, os congestionamentos foram muito menores do que a média dos dias normais, com ruas desertas de carros e gente como em dias de feriado, não pela prometida "greve geral", mas pelo simples e bom motivo de que boa parte dos paulistanos preferiu não sair de casa com medo de confusão e de não conseguir voltar.
Ao ver pela televisão as imagens dos sindicalistas marchando em direção à Paulista, cada lado com seu uniforme _ os da CUT, de vermelho; os da Força Sindical de laranja _ carregando suas bandeiras padronizadas e empunhando as mesmas faixas de outras manifestações, dei-me conta de este protesto de hoje nada tinha a ver com os que inundaram as ruas do pais no mês passado, numa cacofonia de, vozes, tipos e mensagens, sem roteiro e sem diretor.
Agora, parecia estar vendo um filme de época, em branco e preto, trazendo de volta antigos discursos e personagens de um tempo que passou.
As máquinas não pararam nas fábricas da maioria das cidades, apesar dos bloqueios montados em 40 rodovias de 14 estados, os transportes públicos funcionaram normalmente no Rio, em São Paulo e Brasília. Na hora do almoço, mesmo em Vitória, Recife, Porto Alegre e Belo Horizonte, onde os transtornos foram maiores, a vida já estava voltando ao normal, enquanto a manifestação da avenida Paulista seguia pacificamente para o centro da cidade. Não foram registrados atos de violência nem de vandalismo.
A calmaria se deveu também, além da baixa adesão popular ao protesto, a um acordo selado na véspera entre as principais centrais sindicais. A CUT não defenderia a bandeira do plebiscito em defesa da proposta de reforma política da presidente Dilma Rousseff e a Força Sindical deixaria em casa os cartazes de "Fora Dilma", que havia ameaçado levar às ruas.
Logo cedo, ao comandar uma manifestação próxima à ponte do Socorro, na zona sul, e receber os primeiros informes sobre o esvaziamento do protesto, Paulinho, sem dar o braço a torcer, propôs à "assembleia" de sindicalistas formada diante dele uma reunião das centrais nesta sexta-feira para marcar uma greve geral de verdade em todo o país para agosto.
Aplaudido pela plateia, que começou a gritar a palavra de ordem "se a Dilma não ceder, o pau vai comer", o líder da Força Sindical não atacou a presidente, mas aproveitou a oportunidade para pedir ao menos a cabeça do seu ministro da Fazenda, Guido Mantega.
E tudo isso para quê? Para nada.

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