terça-feira, 11 de novembro de 2008

BOLÍVIA - Drogas: continua queda de braço EUA x Bolívia.

Wálter Maierovitch.

Na última semana, o presidente boliviano Evo Morales rescindiu com o governo norte-americano o acordo bilateral de cooperação sobre o fenômeno das drogas.

O mesmo já havia feito, com pleno acerto, o presidente venezuelano. Chávez acusou a agência americana Drug Enforcement Agency (DEA) de realizar espionagem política ao invés de se preocupar com o combate às drogas ilícitas.

Ontem e com malas prontas, um diretor e seis agentes da DEA deixaram La Paz. Eles rumaram para o Peru, onde ficarão baseados, pois igual acordo existe com os EUA.

Logo depois do embarque para o Peru dos supracitados diretor e agentes da DEA , o ministro do Interior da Bolívia, Alfredo Rada, explicou que “não havia sentido a permanência deles no país, em face da decisão do presidente Morales”.

A propósito, Morales, para romper o acordo bilaterial, sustentou ter a DEA realizado operações de espionagem política, de modo a abandonar as suas tarefas específicas. Mais ainda, para Morales a DEA apoiou a revolta violenta contra o governo central, ocorridas nos rebeldes departamentos da chamada “Meia-lua Oriental”.

O rompimento com a DEA faz parte de uma crise diplomática que levou Morales a expulsar do pais o embaixador norte-americano, tendo o presidente Bush, imediatamente depois, expulsado o embaixador boliviano.

O jogo foi desempatado por Bush, no início da segunda quinzena de setembro. Bush colocou a Bolívia no elenco de países que não cooperam na luta contra as drogas. Essa lista, como é sabido, é encaminhada ao Congresso, que vota a suspensão de auxílio econômico-financeiro ao país relacionado.

Ontem, logo depois da saída dos agentes e do diretor da DEA, um ministro de Estado boliviano, com atuação junto à presidência da República, Juan Ramon Quintana, deu, para o rompimento do acordo, motivo diverso do apresentado por Morales.

Quintana, que convocou uma coletiva de imprensa, afirmou que a DEA tinha “encorajado o narcotráfico na Bolívia”. Aos presentes, mostrou vários documentos que dariam sustentação à conclusão apresentada.

PANO RÁPIDO. Sem conhecer o documento exibido pelo ministro Quintana seria, por evidente, irresponsável apoiar a tese de a DEA ter “encorajado” narcotraficantes, tudo, evidentemente, para expor Morales.

Não se deve esquecer, no entanto, que o governo americano, pela CIA, já autorizara a venda de cocaína em Los Angeles para financiar a luta contra os sandinistas, na Nicarágua.

No Brasil, esse órgão realizou, além de interceptações telefônicas clandestinas, cooptação de agentes da polícia federal.

Portanto, jogo sujo, para atingir objetivos geopolíticos e geoestratégicos, é uma especialidade dos serviços de inteligência dos EUA, incluído a agência antidrogas, que também é de espionagem.

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