quinta-feira, 6 de novembro de 2008

DESABAFO DE UM DELEGADO - Não podemos assistir isso passivamente.

O delegado Protógenes que prendeu o Daniel Dantas, de acusador, virou acusado. Mandou o texto abaixo, sem se identificar, para o blog do Luis Nassif, que é o blog mais acessado da Internet e que recentemente ganhou o Prêmio Ibest.
O Daniel Dantas realmente tem uma força incrível. Conseguiu ser libertado em 24 h e agora está virando vítima.
Carlos Dória.

A devassa da devassa

Por neófito
Boa tarde, Nassif.
Sou Policial Federal e me orgulho muito disso. Mas infelizmente o momento interno da PF não é dos melhores.
Nunca manifestei em blog’s, paineis de leitor e outras coisas do gênero, mera discrição, mas hoje preciso desabafar e você é um dos poucos jornalistas em que confio no momento.
Acompanhei várias investigações podendo citar como principais: “Law Kin Chong (Capela), Maluf (Bob Pai), Máfia do apito (Atenas e Atenas II), MSI/Corinthians (Perestroika) e Daniel Dantas/Naji Nahas (Satiagraha).
E aprendi a observar jornalistas, lendo o que eles escrevem sobre o que vi nesse tipo de trabalho. Muitos “pescam” situações isoladas e depois “complementam” os espaços vagos com suas ideologias, releituras, “outras fontes” etc; por vezes “criando” versões totalmente dissociadas dos fatos.
Você, Nassif, no momento é o que traz notícias e comentários mais próximos à realidade, não questiono se isso é relevante, apenas descrevo um fato, não o vejo comprometido com interesses políticos ou econômicos (o que pra você pode até ser ruim já que muitas vezes a sobrevivência financeira do jornalista depende de agradar os interesses dos financiadores dos meios de comunicação)
Em se tratando da Satiagraha, as informações disponíveis na internet são poucas (em comparação ao volume de dados coletados durante os trabalhos e o número de pessoas envolvidas que não foram presas). Se um jornalista sério tivesse acesso a 10% dos dados coletados já teríamos uma revolução no país, iniciada pela mídia. Muitas vezes me vi tentado a explicar o que muitos leitores questionam em seu blog, mas por motivos legais (sou funcionário público e estaria cometendo crime sujeito a demissão) não posso ajudá-lo, mas posso dizer que “todas as análises que você fez sobre o caso Satiagraha estão corretas”.
Hoje pela manhã recebi a visita de alguns colegas da PF, tinham um mandado de busca e apreensão para cumprir em minha casa, foi chamada de “operação G” (será que o “G” é de Gilmar ???). Acordei minha esposa e meus filhos para que acompanhassem as buscas em nosso apartamento, estavam “procurando grampos ilegais e mídias”, como todo o trabalho em que participei sempre foi respaldado por autorização judicial (seja a interceptação telefônica, ambiental ou ação controlada), não havia nada a ser encontrado, como não
encontraram.
Está apenas difícil de explicar para meus filhos e esposa que eu trabalhei honestamente como Policial Federal, não aceitei a proposta de suborno de um milhão de dólares, encontrei muita prova contra as pessoas que foram investigadas na operação Satiagraha e hoje recebi em minha residência busca autorizada pela justiça de Brasília e cumprida pela PF.
Entendi o recado... se quiser trabalhar, faça o trivial. Se quiser investigar, investigue um “peixe-pequeno” (ou seriam os três “P”), mas o melhor é que até agora não encontrei nenhuma linha na internet dizendo: “Policiais Federais que trabalharam na Satiagraha são alvo de busca e apreensão em suas residências como reconhecimento pelos trabalhos prestados.”
Realmente não é um dia dos melhores, mas com certeza o número de pessoas indignadas com esse tipo de situação está cada vez maior e essa “revolução silenciosa” não vai tardar. É o que penso, espero... peço a Deus.
Comentário
Confirmei com a Comunicação Social da Polícia Federal que hoje de manhã foi deflagrada uma operação visando apurar vazamentos do Satiagraha. Segundo me informaram, está sendo conduzida pela Corregedoria da Polícia.
Força e fé, pessoal!'
Comentário 2
Leio nos comentários que o juiz que autorizou a operação foi Ali Mazloum. Duas informações sobre Mazloum:
1. Ele foi uma vítima da Operação Anaconda. Fui o único jornalista a defendê-lo na época. Todas as referências que tenho sobre ele são positivas.
2. Até por ter sido vítima da Anaconda, Ali Mazloun não poderia ser considerado isento para julgar a Satiagraha. Em vez de ir à forra, deveria ter se considerado impedido.

Ainda sobre esse assunto, publicado no jornal Tribuna da Imprensa.

Protógenes vira alvo da PF.

Delegado da operação que prendeu Daniel Dantas tem pertences apreendidos em São Paulo
SÃO PAULO - Mentor da Operação Satiagraha, missão federal que investiga o sócio-fundador do Banco Opportunity, Daniel Dantas, num suposto esquema de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e fraudes fiscais, o delegado Protógenes Queiroz tornou-se ontem alvo da Polícia Federal (PF), que integra há nove anos.
Pouco depois das 6 horas, Protógenes foi abruptamente despertado por uma equipe de agentes e delegados federais, munidos de mandado de busca e apreensão expedido pelo juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
Os policiais vasculharam o apartamento 2.508, no 25º andar do Shelton Hotel, na Avenida Cásper Líbero, Centro da capital paulista - endereço que Protógenes, que reside em Brasília, ocupa quando se desloca para a cidade. Os federais levaram o computador pessoal do delegado, que prendeu Dantas no dia 9 de julho, deflagrando a polêmica Satiagraha. Também foram recolhidos o rádio e o celular de Protógenes.
Outras equipes da PF, simultaneamente, fizeram blitz em outros dois endereços de Protógenes, em Brasília e no Rio, onde mora o filho dele Felipe, de 21 anos. Também nesses locais foram recolhidos pertences e equipamentos do delegado, alvo de inquérito que investiga o vazamento de informações sigilosas da operação que ele próprio criou para esmiuçar a vida e as atividades empresariais de Dantas.
O inquérito, presidido pelo delegado Amaro Lucena, corregedor da PF, apura ainda suspeita de grampos telefônicos ilegais. Além de Protógenes, são investigados agentes de sua equipe que também sofreram busca e apreensão por ordem judicial.
A devassa nos endereços de Protógenes foi requisitada, formalmente, pela PF, mas o procurador da República Roberto Diana se manifestou contra a inspeção e a apreensão de bens do delegado.
No fim da tarde, bastante chocado, Protógenes dirigiu-se à sede da Procuradoria da República, disposto a obter mais informações sobre os motivos pelos quais é investigado. O cunhado dele, o advogado Fernando Alfonso Garcia, declarou que Protógenes se indignou muito com a busca realizada na casa onde mora o filho, no Rio.
No inquérito Satiagraha, Protógenes havia denunciado o "vazamento criminoso" da investigação - segundo ele, a divulgação de dados sobre o caso alertou Dantas e outros investigados, como o especulador Naji Nahas e o ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000). Quando a operação foi deflagrada, em julho, Protógenes acusou superiores de boicotar a Satiagraha ao não liberar contingente suficiente de homens para realizar as operações.
Com base na denúncia do delegado, o procurador Diana abriu procedimento para apurar a conduta da cúpula da PF. Protógenes foi afastado da condução do inquérito Satiagraha e ficou marginalizado na instituição.

Um comentário:

Leo disse...

Valeu!

Podemos começar a pensar em atos simultâneos nas principais cidades...

Adira ao grupo!