sábado, 15 de novembro de 2008

MÍDIA - Pânico, a arma da mídia.

Copiado do blog Democracia&Política.

O blog “Cidadania.com”, de Eduardo Guimarães, ontem publicou:

“Sei muito bem que de nada adianta escrever, de nada adianta eu me esgoelar para avisar as pessoas de que a mídia está trabalhando incansavelmente para implantar uma crise econômica no país, mas se eu não escrever acho que pode ser pior. Melhor é que poucas pessoas saibam, mas que passem adiante o que estou dizendo, se acreditarem em mim.

Então leiam bem o que escreverei.

(No blog “cidadania.com” há link disponível com vídeo da íntegra da edição do Jornal Nacional de 13/11/2008)

Bem, o fato trágico é que sei (repito) que pouco adianta eu ficar me esgoelando aqui sobre a crise econômica, porque também sei que argumentos fundamentados freqüentemente são menos eficientes do que palavras de ordem ou do que frases feitas quando se está no meio de catarses coletivas como essas nas quais a mídia vem mantendo o país desde 2003.

De lá para cá, as Globos, os jornalões e os revistões já conseguiram até matar ou hospitalizar pessoas, como no caso da febre amarela, ou provocarem graves prejuízos econômicos à população, como agora estão conseguindo ao manter alta a desconfiança dos consumidores e dos empresários de uma forma que até a própria mídia reconhece que prejudica a economia.

E quem diz que o noticiário está gerando pânico e retardando a volta do país à normalidade depois do choque nos EUA em meados de setembro, não sou só eu, não. Carlos Alberto Sardemberg, comentarista econômico do Jornal da Globo, afirmou, na edição de ontem (quinta-feira, 13 de novembro) do telejornal, que a crise é muito mais de confiança do que de qualquer outra coisa e que “o diabo não é tão feito assim”, ao menos no Brasil.

Vejam, abaixo, reprodução textual das palavras de Sardemberg na edição de ontem do Jornal da Globo:

Conversei com várias pessoas, de vários setores, que dizem que têm bons negócios, bons empreendimentos e o consumidor fica com medo de tomar empréstimos, de fazer um negócio. Isso aí é o começo de um círculo vicioso, porque as notícias negativas, as notícias de complicação econômica, fazem com que caia a confiança do consumidor e ele evita novos negócios. Não fazendo novos negócios, a economia não anda mesmo...

Então, pra que isso se transforme num círculo virtuoso, é preciso que a confiança volte; como é que volta a confiança? Com o passar do tempo, o consumidor vai vendo que a situação não é tão ruim, que o país não entrou em recessão – está crescendo menos, mas não entrou em recessão – etc, etc. Então, tem que dar um tempo, esperar a economia andar, ver que o diabo não é tão feio e aí, assim, a confiança começa a voltar.

Não é que Sardemberg seja dos analistas econômicos que dizem menos bobagens.

Reproduzo suas palavras para mostrar que se até ele reconhece que o noticiário está causando pânico – um pânico de uma natureza que agora eu digo que causou até mortes no caso da febre amarela –, é porque o noticiário tem o poder de causar pânico mesmo.

Quantas pessoas conheço que têm dinheiro, estão bem empregadas e têm capacidade de consumo, mas estão postergando compra de carro, de imóveis e de outros bens e serviços simplesmente porque o noticiário as está deixando com medo.

Mas como não causar pânico divulgando reportagens como a que a mesma edição do jornal da Globo (trecho 1 do vídeo acima) divulgou sobre a venda de motos... usadas?

Pois é, o jornal trouxe, em tom bombástico, a notícia “alarmante” de que está havendo dificuldade para compra de motos usadas porque as financeiras não estão concedendo crédito para esse tipo de produto...

A mídia não pára de bater nessa tecla. E, assim, a economia vai esfriando, alguns setores vão sendo paralisados, e não por razões concretas mas porque a mídia está pondo em animação suspensa a atividade econômica do país. Enquanto pessoas que têm crédito, dinheiro, empregos e perspectivas paralisarem suas vidas com medo do que dizem que pode vir por aí, dificuldades serão geradas onde não deveriam existir.

"O diabo não é tão feio" como diz Sardemberg, da Globo? Não é mesmo, mas a mídia o está fazendo “tão feio” soterrando qualquer ponderação sobre os fatos com uma avalanche de notícias alarmistas.

Tudo isso porque tanto a queda da atividade econômica quanto um surto de inflação ou uma epidemia de febre amarela urbana servem ao projeto político tucano-pefelê-midiático de retomada do poder em 2010, pois tal projeto não leva em conta se para atingi-lo será preciso quebrar empresas, colocar pais de família no desemprego ou matar alguns incautos”

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