quinta-feira, 6 de novembro de 2008

VITÓRIA DE OBAMA - Sindicatos ajudaram a virar estados anti-Obama.

O movimento sindical americano, unido em torno da campanha de Barack Obama e a favor de uma política econômica dirigida à criação de milhares de empregos, fez história com a eleição do candidato democrata à presidência dos Estados Unidos.

Por John Wojcik, para o People's Weekly World

Nos últimos dias da contagem regressiva para as eleições, uma mobilização sem precedentes de trabalhadores em prol do candidato Barack Obama ajudou a forçar o candidato republicano John McCain a defender estados como Virginia, Ohio, Florida e Carolina do Norte — que historicamente são republicanos até a medula, mas que agora fizeram uma mudança histórica.

Os líderes sindicalistas estão orgulhosos de terem desempenhado o papel principal na formação da opinião pública em relação ao modo como Obama vê a economia — que o julgou mais qualificado que McCain para tratar a crise financeira que atropela o país.

Quando Obama fez um comício para mais de 100 mil pessoas na semana passada em Denver, ele levantou um tema que foi usado no trabalho dos sindicalistas para elegê-lo. ''Nós sabemos como é a filosofia Bush-McCain'', declarou Obama. É uma filosofia que diz que devemos dar mais aos milionários e aos bilionários e eu espero que consigamos derrubá-la''.

A Virginia, um estado considerado ''vermelho'' [republicano] há muito tempo, exemplifica como o movimento trabalhista ajudou a fazer debandar os assustados republicanos.

Centenas de trabalhadores saudaram a candidata à vice-presidência pelo partido republicano, Sarah Palin, em sua recente visita a Richmond. Levando cartazes nos quais podia-se ler slogans como ''Obama é melhor'', ''Mulheres inteligentes apóiam Obama-Biden'' e ''É a economia, Sarah. Não mude de assunto'', eles arrancaram saudações e buzinadas de apoio de motoristas que formavam uma fila de milhares de carros que passavam pelo local.

Essa ação ocorreu dias depois de Nancy Pfotenhauer, uma das assessoras de McCain’s, tentar convencer um comentarista da NBC que só estava acontecendo uma inclinada pró-Obama na Virgínia por culpa dos habitantes do norte do estado, que, segundo ela, não são originários de lá, mas são ''democratas de Washington que se mudaram para o norte do estado''.

De acordo com a assessora, Richmond pertenceria à Virgínia ''real''. Mesmo assim, a atividade pró-Obama feita pelos sindicatos foi intensa ali e também em todo o Estado.

O secretário de finanças da AFL-CIO, Richard Trumka, mencionou a Virgínia em uma conversa recente na Universidade de Illinois, em Chicago.

Sua descrição do esforço dos trabalhadores foi contrastada duramente com a abordagem de dividir-e-conquistar da campanha de McCain: O esforço na Virgina foi construído da base por filiados que trabalharam unidos em todo o estado. É um movimento de homens e mulheres, jovens e adultos, operários e intelectuais de todas as raças e credos reunidos, trabalhando, lutando e vencendo juntos''. Mesmo Trumka fez história este ano liderando a campanha para combater os efeitos do racismo nesta eleição.

A nível nacional, o movimento sindical lançou uma campanha intensa para registrar eleitores de última hora nos momentos finais da campanha.

A AFL-CIO teve 250 mil voluntários e 4 mil trabalhadores pagos, que trabalharam em 20 estados decisivos na corrida presidencial, na corrida para o senado e para a câmara de representantes. em alguns estados, como Minnesota, Oregon e New Hampshire, os sindicatos se envolveram em campanhas para o senado e para a presidência. Em New Hampshire eles também trabalharam pró-Obama.

Os outros campos de batalha dos sindicalistas foram Ohio, Wisconsin, Indiana, Pensilvânia e Michigan. A Virginia e a Carolina do Norte, dois dos estados com menor número de trabalhadores sindicalizados no país também constaram da lista.

Os esforços dos sindicalistas na Virginia e na Carolina do Norte foram liderados pelo sindicato dos trabalhadores das comunicações, o Communications Workers e pelo sindicato dos metalúrgicos do estado, que estão entre os maiores da Virginia

A AFL-CIO estima que o total de gastos na campanha por seus membros chegou a US$ 250 milhões.

O valor não inclui o gasto pela coalizão Change to Win, a outra federação sindical dos EUA. Um dos sindicatos filiados à coalizão, o The Service Employees, sozinho gastou mais de US$ 100 milhões.

Nos últimos sete dias da campanha, 25 mil voluntários da Califórnia, Ilinois e Nova York, que não eram estados considerados indecisos, foram mobilizados para contatar eleitores e arregimentar votos. Os níveis de participação de voluntários e trabalhadores dos sindicatos foram sem precedentes na história.


Josh LeClair, um voluntário de Orlando, Florida, disse ao People's Weekly World que encontrou morando em um trailer um trabalhador aposentado da indústria automobilística que também é um veterano da Segunda Guerra Mundial. Ao saudar o voluntário, o veterano disse que não votaria ''naquele muçulmano''. LeClair gastou uma hora com o veterano desfazendo os boatos e discutindo o que McCain tinha feito em relação a questões sobre aposentadoria e benefícios sociais para veteranos.


LeClair retornou no dia seguinte com artigos sobre as questões levantadas e passou a tarde conversando com o veterano sobre seu avô, que também havia lutado na Segunda Guerra Mundial. Ao deixar o trailer, LeClair havia conquistado mais um eleitor para Obama.

Nos últimos dias de campanha foram contabilizadas cerca de 70 milhões de chamadas telefônicas, 10 milhões de visitas de casa em casa, 57 milhões de cartas enviadas e 27 milhões de panfletos distribuídos em portas de fábrica.

A campanha também incluiu o que a AFL-CIO chamou de ''abordagem microcentrada'', que objetivou os eleitores considerados mais difíceis de abordar, como os veteranos, aposentados e proprietários de armas. Muitos desses eleitores foram contatados mais de 20 vezes e os sindicalistas pretendiam contatar todos eles nos últimos dias de campanha.

Um programa intitulado ''Final Four Day Blitz'' foi realizado para alcançar todos os membros dos sindicatos que se declararam eleitores de Obama, para garantir que compareceriam às urnas.

Programas de proteção de eleitores foram realizados em Ohio, Michigan, Pensilvânia, Missouri, Virginia, Wisconsin, Novo Mexico, Colorado e Nevada. Em Ohio e Michigan esses programas dedicaram atenção especial às pessoas atingidas pela propaganda do governo Bush, de que seriam pessoas inabilitadas para votar por vários motivos.

People's Weekly World/Site O Vermelho.

Nenhum comentário: