segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

FABRICAR CRISE VIROU MODA.

Mário Augusto Jakobskind

Publicada em:10/01/2010

FABRICAR CRISE MILITAR VIROU MODA



E chegamos a 2010, um ano que promete ser bastante movimentado. Nas últimas horas de 2009 o Brasil viveu uma “crise” (entre aspas) na área militar provocada verdadeiramente pela mídia conservadora com um suposto pedido de demissão dos comandantes do Exército, Marinha, Aeronáutica e do Ministro Nelson Jobim. O motivo, segundo O Estado de S.Paulo, a Folha de S. Paulo, O Globo e a TV Globo teria sido a criação de uma Comissão Nacional de Verdade e Justiça que visa apurar fatos relacionados a violações dos direitos humanos no período da ditadura, de 1964 a 1985.

Com um noticiário totalmente manipulado, tanto que a crise acabou como por encanto, os referidos veículos misturaram alhos com bugalhos. Esqueceram de dizer que o anúncio feito pelo atual governo foi o da terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), criado originalmente no governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso, quando o atual Ministro da Defesa, Nelson Jobim, exercia a função de Ministro da Justiça. Na época, Jobim sonhava algum dia vestir uma farda de campanha militar e sair por aí, sem ser no Carnaval. Conseguiu tornar o sonho realidade e volta e meia aparece com a vestimenta que lhe agrada.

A mídia conservadora, possivelmente de forma deliberada, omitiu que a proposta da Comissão de Verdade e Justiça não tem caráter deliberativo e tinha sido aprovada na décima primeira Conferência Nacional de Direitos Humanos, por 20 votos a dois. Lula assinou a medida e agora para virar lei precisa da aprovação do Congresso. Ou seja, os jornalões não informaram corretamente e ainda por cima se empenharam no sentido de fazer crer que a Comissão tinha o objetivo de punir torturadores e assassinos do período ditatorial. Não é esse o objetivo, mas tornar claro o que foi feito no período.

A extrema direita, representada hoje também em sites na Internet com uma linguagem do tempo da onça e até transmitida por alguns psicopatas, tentou ampliar a “crise” que não houve ouvindo gente vinculada a pior espécie dos tempos da ditadura. Curiosamente, tanto os extremistas de direita quantos os jornalões e a mídia eletrônica ignoraram a nota oficial do Palácio do Planalto negando o pedido de demissão e ainda o suposto encontra às pressas na Base Aérea de Brasília entre Jobim e Lula.

Mal terminada a “crise”, a Folha de S. Paulo abria as baterias para uma outra “crise militar”. Desta feita para dizer que um relatório técnico da Força Aérea Brasileira (FAB) na questão da compra dos jatos para o reequipamento da Aeronáutica entrava em choque com o desejo de Lula de prirorizar a compra dos franceses Rafales. A FAB, segundo Eliane Catanhede, a mesma que noticiou a “crise militar” do fim de ano, teria optado pelos jatos suecos.

A direita midiática, ao mais puro estilo do período que antecedeu ao golpe de abril de 64, está muito assanhada e quer porque quer noticiar, segundo se pode depreender, tendo em vista a campanha eleitoral que vem por aí. E muitos petardos podem surgir neste 2010 que se inicia.

Enquanto isso, a Presidente Cristina Kirchner ordenou abertura de todos os documentos do período da ditadura militar que fez desaparecer 30 mil opositores. A exceção ficou por conta do material relativo à Guerra das Malvinas. Aqui no Brasil na área dos direitos humanos qualquer tentativa do gênero é apresentada como revanchismo. Uma lorota, porque quando se exige conhecer toda a verdade sobre o período obscuro da história brasileira, não tem nada a ver com revanche, até porque os defensores dessa posição e mesmo a eventual punição de crimes contra a humanidade cometidos naquele período, não almejam torturar ou matar ninguém. Os que cometeram esses delitos teriam todo o direito de defesa, o que não possibilitaram aos opositores do regime ditatorial.

E para terminar, Boris Casoy isto é uma vergonha, ofendendo os garis por falha do áudio da TV Bandeirantes, mesmo falando em off, mostrou o que pensa. Em alto e bom som indignou-se com os trabalhadores considerando-os "últimos da escala social”. Não adiantou pedir desculpas. Agora a bola está com o Sindicato que representa os trabalhadores que Casoy ofendeu. Para se penitenciar mesmo, a Band teria que fazer uma reportagem especial sobre a importância dos garis para uma cidade, ainda mais como São Paulo, e destinar a publicidade de um telejornal da emissora para o sindicato. E, claro, voltar a ouvir os dois garis ofendidos. Será que o senhor Saad topa limpar a barra da Band?

E Sergio Cabral mostrou a sua verdadeira face de protetor da especulação imobiliária e ainda aparece em Angra dos Reis como se nada tivesse acontecido em matéria de flexibilização de construções que acabaram piorando o efeito dos temporais.

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