domingo, 3 de janeiro de 2010

A INDISCRIÇÃO NA BAND E O "HOMEM INVISÍVEL".

Copiado do blog do Brizola Neto

A indiscrição na Band e o “homem invisível”

12.gari em pleno sol

Um trabalhador pelo qual todos passam, quase ninguém vê

Sobre este episódio grotesco dos comentários de Boris Casoy e Joelmir Betting sobre os garis, que vazaram na transmissão do telejornal da Band, um amigo me envia uma história muito interessante.

O psicólogo Fernando Braga da Costa, desde os tempos de estudante, interessou-se em avaliar a visão da sociedade sobre estes trabalhadores. Durante oito anos, ao menos uma vez por semana, Fernando foi trabalhar como gari, no próprio campus da USP,. Já formado, a experiência foi a base de sua dissertação de mestrado: Garis – um estudo de psicologia sobre invisibilidade pública.

Nela, ele conta como, na condição de gari, tornava-se “invisivel” para as pessoas, até para aquelas com que, normalmente, convivia:

- Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão.

Ele conta que isso mudou sua vida:

- Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma coisa.

Fonte: Blog TIJOLAÇO, do Brizola Neto.

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