Empresas de comunicação impedem avanço da democracia no Brasil, diz Fenaj
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) manifestou total apoio ao texto da 2ª Conferência Nacional de Cultura e criticou as grandes empresas de comunicação e suas entidades patronais que contestam o documento. Para a Fenaj, a postura reacionária contra qualquer proposta impede o avanço da democracia no País. O documento-base da Conferência diz que o monopólio das empresas de comunicação no Brasil é uma ameaça à democracia e aos direitos humanos.
“Toda iniciativa, venha de onde vier, é sempre rechaçada sem mesmo uma discussão. São propostas para o debate, não são resoluções, mas eles já atacam. Essa postura reacionária impede o avanço democrático no Brasil”, resumiu Sérgio Murillo de Andrade, presidente da Fenaj. As propostas apresentadas no texto da Conferência, observou ainda, não são novidades. “Isso não é nada novo nos Estados Unidos, na Europa. A comunicação no Brasil se concentra nos Marinho, Mesquita, Frias, Sirotsky e o poder deles tem que ser questionado”.
A Associação Brasileira de Emissoras de Radio e TV (Abert) criticou o texto da Conferência, alegando que não há concentração nem monopólio de mídia no Brasil. Há sim. Vamos aos números e aos fatos:
O maior grupo de comunicação do país, a Rede Globo, possui mais de 220 veículos, entre próprios e afiliados. É o único dos grandes conglomerados que possui todos os tipos de mídia, a maioria dos principais grupos regionais e a única presente em todos os Estados brasileiros. Sozinha, a Globo controla mais da metade do mercado televisivo brasileiro. Segundo dados da Associação Nacional de Jornais, seis grupos empresariais concentram a propriedade de mais da metade da circulação diária de notícias impressas no país. Sozinhos, estes veículos respondem por cerca de 55,46% de toda produção diária dos jornais impressos.
Além do imenso poderio da Globo, outros seis grandes grupos regionais se destacam. A família Sirotsky comanda a Rede Brasil Sul de Comunicações, controlando o mercado midiático no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. A família Jereissati está presente no Ceará e em Alagoas. A família Daou tem grande influência no Acre, Amapá, Rondônia e Roraima. A mídia da Bahia pertence à família Magalhães. No Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, os negócios são controlados pela família Zahran. E, por fim, a família Câmara tem grande influência em Goiás, Distrito Federal e Tocantins.
Todas essas empresas afirmam em seis editoriais a defesa da liberdade de expressão e da diversidade de opiniões. No entanto, curiosamente, a esmagadora maioria delas tem exatamente a mesma opinião sobre os principais temas em debate no país. Que nome dar a isso?
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