Primeiro debate da campanha: Dilma vs. Estadão
Para começo de conversa, foi muito bom o desempenho de Dilma Roussef no seu primeiro debate de campanha. Sim, porque não se pode chamar de entrevista a edição dada às respostas que a ex-ministra deu às perguntas do jornalista a quem atendeu, de maneira descontraída, durante o feriado, ao passear com o cachorro. O repórter Leonêncio Nossa foi correto ao registrar que Dilma “concedeu a entrevista de improviso, ao ar livre, ao final de uma caminhada pelo Parque da Península dos Ministros, no Lago Sul, bairro onde mora. Ela foi para lá, dirigindo seu carro, um Fiat Tipo, ano 1995, com placa de Porto Alegre. Só tinha a companhia de Nego, seu labrador preto.”
Mas parou por aí. As perguntas, e não há mal nisso, foram provocativas. Algumas, até provocação, mesmo, como a questão dos militares. Dilma se saiu muito bem. Não se intimidou e deu uma resposta antológica à lembrança de que José Serra, pelo fato de ter sido ministro do Planejjamento e Gestão. “Ele planejou o quê? Ali se gestou foi o apagão o racionamento”, disse, referindo-se ao corte de investimentos em energia, como parte da política de privatização do setor.
Mas a edição feita pelo jornal, com a publicação de um “boxe” rebatendo cada ponto da entrevista é a razão de ter-se inventado uma nova modalidade de “debate”. Para cada dado ou informação de Dilma, uma resposta desmentindo ou contestando o que ela afirmara.
Exatamente como num debate entre candidatos, com réplica. Só que sem direito a tréplica.
Uma novidade que, garanto, vai pegar. Os jornalões agora vão fazer assim. “Você pode falar, mas no meu papel de imprensa neutra, vou desmentir tudo na mesma edição”.
Leia aqui a boa entrevista de Dilma. E também as réplicas do jornal.
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