O jornal New York Times publicou no dia 21 de dezembro, na página A29 , a notícia da morte de Lincoln Gordon.
Gordon foi embaixador dos Estados Unidos no Brasil e teve papel decisivo na intervenção militar que, em 1964, depôs João Goulart, o presidente eleito segundo a Constituição vigente (*).
Veja o que disse o necrológio do New York Times:
“O Presidente Goulart foi deposto num golpe militar de direita, em 1964. Acusações de que o Dr. Gordon, seu staff (**) e a CIA se envolveram no golpe foram repetidamente negadas.”
“Mas, em 1976, quase uma década depois de deixar o cargo de embaixador, o Dr. Gordon admitiu que o Governo (Lyndon) Johnson estava preparado para intervir militarmente para evitar uma tomada do poder pela esquerda.”
Ou seja, nem o Dr Gordon seria capaz de acreditar no que dizem certos especialistas brasileiros.
Como se sabe, há uma corrente de historiadores, especialistas e jornalistas que se pensam historiadores que criaram a teoria de que a intervenção militar de 64 foi genuinamente brasileira.
Segundo essa iluminada corrente de pensamento – ressurrecta no golpe contra Zelaya em Honduras -, foi o povo brasileiro que se cansou do petebo-anarquismo-sindicalismo-comunismo que Jango instalou no poder.
O povo brasileiro, reunido em legiões de proletários, trabalhadores rurais, professores, profissionais liberais, multidões se reuniam no IBAD, no IPES e na casa do Dr Galotti, presidente da Light, e provocaram a queda de Jango. (***)
Na verdade, a intervenção militar no Brasil se deu no quadro da Guerra Fria.
Sem Gordon, a CIA e a Marinha de Lyndon Johnson, aquelas reuniões no IBAD seriam uma espécie de assembléia ampliada do “Cansei”.
Sem Lyndon Johnson, o general Golbery seria um estrategista tão genial quanto o Rodrigo Maia.
É o que demonstra o New York Times.
Paulo Henrique Amorim
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