Ipea: sem o Estado, não há banda larga popular
Alertado por uma matéria de Danilo Fariello, hoje, no Valor Econômico, fui ler0 artigo “Banda larga no Brasil – por que ainda não decolamos?”, de Rodrigo Abdala de Sousa, João Maria de Oliveira, Luiz Claudio Kubota e Márcio Wohlers de Almeida, publicado no Bolelim Radar, do Instituto de Pesquisas Econômicas (pode ser acessado aqui). E os dados são muito claros, como a própria conclusão do estudo: o Brasil ficou para trás em matéria de acesso rápido à internet e spo vai sair desta situação com um plano estatal de inclusão digital, tão urgente quanto acessível ao povão.
Vou tentar resumir os dados mais significativos do artigo:
O Brasil possui 10,1 milhões de acessos fixos de banda larga – densidade de 5,8 acessos por 100
habitantes; pagos a valor médio mensal de R$ 162.1. Do total, 43,5 % têm velocidade de 256 kbps. Menos que 1 Mb, são 66%. Isso, por critérios internacionais, nem banda larga é. Se compararmos à média dos países desenvolvidos (integrantes da OCDE) vê-se que lá há 22,4 acessos por 100 habitantes, a um custo médio de US$ 22,25 mensais, ou 39 reais. Lembre-se que a renda, neles, é muito superior à nossa.
Portanto, se os preços , em valores absolutos, já são muito mais altos, em valores relativos, comparando a cesta mínima do serviço e a renda per capita, ele é 9,6 vezes maior no Brasil do que no Japão e 24 vezes mais alto em relação aos EUA. Mesmo no plano (que não existe) do estado de São Paulo para banda larga popular, que isenta de ICMS os acessos com preço mensal de até R$ 29,80, o preço relativo no Brasil ainda seria 7,2 e 18 vezes maior que o do Japão e dos EUA, respectivamente. Isto sem considerar que a cesta mínima nestes países tem velocidade
de acesso superior à brasileira.
E se o preço baixar, o que acontece. O artigo dimensiona três cenários. Com banda larga a 35 reais, chegaríamos a 35 milhões de acessos. A R$ 25, a 40 milhões de usuários e a R$ 15, a 46 milhões, alcançando uma densidade de uso de internet semelhante ao mundo desenvolvido.
É esta a decisão que o Presidente Lula teráque tomar nos próximos dias. Ou vamos ficar nas mãos das teles que não querem e não vão fazer a inclusão digital da população, ou vamos ser corajosos e assumir o desafio de colocar ao alcance dos brasileiros esta ferramenta indispensável hoje para o trabalho, os negócios, a educação, a informação e o laser.
PS. Estou há horas fazendo este post, graças à eficiência de uma conexão de banda larga da Claro. O plano é de 1 mb, e a conexão, quando não cai, faz a gente comemorar quando chega a 25 kbps.
Fonte: Tijolaço.
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