sábado, 26 de dezembro de 2009

ANOS DE CHUMBO - Na Argentina, um caso impensável de cumplicidade.


Desparecidos políticos da ditadura argentina. Alguns de seus filhos foram dados á adoção, clandestinamente pelas forças da repressão.

Desparecidos políticos da ditadura argentina. Alguns de seus filhos foram dados à adoção, clandestinamente pelas forças da repressão.

O jornal argentino Página 12 publica hoje um matéria sobre uma decisão que pode por fim a uma das mais dramáticas histórias políticas e humanas que a Argentina ainda carrega dos tempos da ditadura. Em 2002, um juiz, Roberto Marquevich, sob a acusação de falsificação de documentos públicos. Os documentos em questão eram, simplesmente, os relativos à adoção de Marcela.

Diz o jornal que em 13 de maio de 1976, “Ernestina de Noble se apresentou diante da juíza Ofélia Hejt, de San Isidro, com um bebê a quem chamou Marcela. Ela disse que havia encontrado o bebê onze dias antes em uma caixa abandonada na porta de sua casa, em Lomas de San Isidro, e ofereceu como testemunhas uma vizinha e o caseiro da vizinha. Em 2001, Roberto Antonio Garcia, de 85 anos, declarou ao juiz Robertto Marquevich que nunca foi caseiro na casa em questão. Seu trabalho, durante quarenta anos, foi como chofer da família Noble. García disse ainda que Noble nunca viveu na casa declarada por Ernestina, dado que o juiz confirmou em registros oficiais. Tampouco a suposta vizinha vivia ali, segundo declarou sua neta e confirmou a polícia. As datas apresentadas pela dona do Clarín também se revelaram falsas.”

O juiz Marquevich foi vítima de um campanha demolidora do jornal e teve de deixar a magistratura. Seu substituto, durante seis anos, aceitou todos os argumentos da família de Ernestina. Agora, porém, um tribunal federal determinou que seja feito “sem mais protelações” um exame de DNA da menina.

A suspeita é a de que Marcela, na verdade, seja neta de Chicha Mariani, líder das Avós da Plaza de Mayo. Seus pais foram seqüestrados por militares em sua casa, no mesmo ano em que Marcela – ou Clara Anahí, se for a neta de Mariani – foi adotada.

Nove filhos de desaparecidos políticos já foram localizados nestas situações de falsa adoção e recuperaram suas identidades.A crueldade dos regimes militares e a sua cumplicidade com os impérios de comunicação no Cone Sul chegou a níveis impensáveis, mesmo para um ficcionista.

Fonte: Blog " Tijolaço ", do Brizola Neto

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