Líder do PSDB: "Eleitor não identifica Dilma com o governo"
Eliano Jorge
Preparando-se para ser o líder do PSDB na Câmara em 2010, o deputado federal João Almeida, da Bahia, acredita que seu partido terá mais sossego para estruturar a candidatura presidencial a partir da desistência do governador mineiro, o tucano Aécio Neves, em concorrer.
- O único prejuízo por ter dois candidatos é a dificuldade de encetar conversas sobre alianças. Porque podia ser um ou outro, e as pessoas reagem de forma diferente em relação a um ou a outro. Agora o partido toma o processo com mais tranquilidade, indicando que o candidato é o (governador paulista, José) Serra - analisa.
Sobre eventuais aliados de Aécio que não seguiriam com Serra, Almeida ainda aguarda definição do tio do governador mineiro, Francisco Dornelles, senador do PP/RJ.
Mas deixa clara sua interpretação sobre o deputado Ciro Gomes, do PSB/CE, que prometeu sair da corrida presidencial em favor de Aécio: "Nunca acreditei na sinceridade que Ciro fala sobre isso. Achava que ele queria espalhar a cizânia entre nós".
Uma candidatura exclusivamente tucana conta com total entusiasmo de Almeida. "É o sonho de todos nós. Nós, do PSDB, nós, da oposição, e, eu acredito, de uma grande parte dos brasileiros. (...) Os dois governadores mais bem avaliados do País, com políticas mais inovadoras, de melhores resultados, se juntam para compor a chapa para presidente da República. Isso tem uma força extraordinária", destaca.
Ele desacredita efeitos positivos da estratégia petista de cotejar as duas mais recentes administrações federais. "O eleitor não vai engolir a dona Dilma, candidata do PT, por governo de Lula. Ela não está conseguindo sequer ser entendida como gerente do PAC, mãe do PAC, mãe do "Minha Casa, Minha Vida". (...) Imagine querer identificar os feitos do Lula com Dilma para fazer a confrontação com os feitos de Fernando Henrique, que já se foi", opina.
Veja a entrevista.
Terra Magazine - Qual sua opinião sobre a desistência da candidatura do governador Aécio Neves à Presidência da República?
João Almeida - Acho que a decisão dele está bem expressa. Ele entendeu que precisava de tempo para continuar buscando qualificar a interna do partido e, mantendo esta decisão, como ele tinha anunciado, ele saiu. Há uma colaboração para facilitar os entendimentos partidários, visando ao fortalecimento da candidatura, no caso, do Serra, que é o que restou. Eu achava que o único prejuízo que se tinha por ter dois candidatos é a dificuldade de encetar conversas sobre alianças. Porque podia ser um ou outro, e as pessoas reagem de forma diferente em relação a um ou a outro.
Agora o partido toma o processo com mais tranquilidade, indicando que o candidato é o Serra. O próprio Aécio ajudará, mas não é mais dizendo: "pode ser ou pode ser o Serra". É: "O candidato é Serra, eu não estou mais na disputa partidária. Certamente o partido vai indicar o Serra".
Diminuem as chances de apoio de possíveis aliados de Aécio, como Ciro Gomes e Francisco Dornelles, não?
Eu não sei. Porque, quando havia os dois, todos tinham direito de dizer que tinham preferência por um determinado. Só havendo um, vamos ver agora o vão dizer estes mesmos atores. Sendo que eu nunca acreditei na sinceridade que Ciro fala sobre isso. Achava que Ciro queria espalhar a cizânia entre nós. O Dornelles, não, é diferente. Mas é preciso ver também que posição ele toma, sabendo que Aécio não é mais candidato.
Aécio pode ser candidato a vice?
É o sonho de todos nós. Nós, do PSDB, nós, da oposição, e, eu acredito, de uma grande parte dos brasileiros. A chapa Aécio-Serra, Serra-Aécio no caso, é muito forte. Não é só a força eleitoral. É também o simbolismo dos dois governadores mais bem avaliados do País, com políticas mais inovadoras, de melhores resultados, se juntam para compor a chapa para presidente da República. Isso tem uma força extraordinária.
O que o senhor acha da avaliação de que, sendo Serra candidato, é mais fácil para o PT fazer a comparação do governo Lula com o governo FHC?
Não acho isso não. O que eu acho é que quem vai rejeitar esta tese é o eleitor. O eleitor não vai engolir a dona Dilma, candidata do PT, por governo de Lula. Não vai. Ela não está conseguindo sequer ser entendida como gerente do PAC, mãe do PAC, mãe do "Minha Casa, Minha Vida". Programas que ela está, de alguma forma, conduzindo não têm identidade com ela, imagine querer identificar os feitos do Lula com Dilma para fazer a confrontação com os feitos de Fernando Henrique, que já se foi. É uma identificação que não vai colar. Pensam que o povo é bobo, tonto. Não acredito nisso, sinceramente.
Existem propagandas da Sabesp, do governo de São Paulo, sendo veiculadas em Estados do Nordeste para divulgar a imagem de Serra?
Eu não conheço isso. O que eu conheço é o seguinte: as propagandas entram no Nordeste onde há TV via antena parabólica. Não entra a propaganda local, nos intervalos. Entra a propaganda de São Paulo. Não está fazendo propaganda do Nordeste, isso é um problema do sinal de televisão. Aqui, no interior da Bahia, vejo muito isso. Onde usam antena parabólica, acontece isso, eles assistem à TV de São paulo, não a daqui.
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