Achei conveniente trazer aqui, para que todos tenham acesso, o comentário postado na noite de ontem pelo companheiro Pedro Ayres, antigo e valoroso militante do PDT, que me honra com a leitura dos meus posts, volta e meia reproduzindo alguns de meus pensamentos em seu blog Crônicas e Críticas da América Latina:
Entro neste debate sobre o PDT e questões relativas, pois, como um velho filiado do Partido, desde 1978, sinto a necessidade de esclarecer alguns pontos.
O PDT, como todos sabem foi o fruto de dois encontros, um no México e outro em Lisboa(1978). Nesses dois encontros ficou acertado a criação de um partido para aglutinar os diversos exilados políticos, militantes das mais variadas correntes clandestinas, juntamente com aqueles que atuavam organizados no MDB.
Entre 78 e 80 houve a luta pelo domínio da sigla PTB, pois, na opinião da maioria, naquele momento, era imprescindível retomarmos a vida política a partir de um grande partido de massas e vinculado às lutas nacionalistas, democráticas e sindicais. Com a entrega da sigla para a deputada Yvete Vargas, numa memorável assembléia na ABI, decidiu-se pela criação do Partido Democrático Trabalhista. Um nome que acomodava o passado, aquele presente e fazia a ligação com o futuro.
O resultado eleitoral de 1982, principalmente no Rio de Janeiro, com a vitória de Leonel Brizola, foi surpreendente para todos, amigos e inimigos, pois, foi uma vitória construída e baseada na memória histórica do povo carioca e fluminense, que se recordaram da cadeia da Legalidade,da Frente de Mobilização Popular e da excelente administração de Leonel Brizola no Rio Grande do Sul, fazendo justiça a um brasileiro merecedor de todas as honras.
Assim, num piscar de olhos, graças aos votos fluminenses e gaúchos surgia um partido com alguma força e expressão política. Uma expressão política derivada da própria composição interna do PDT, uma frente de esquerda predisposta a ser a base para uma grande Frente Nacional de Libertação, pois, segundo entendíamos, o Brasil, mais do que liquidar os ranços ditatoriais, precisava ter soberania e independência econômico-política. Um quadro que ainda se mantém inalterado e que pode se agravar por força do desepero do Império em se salvar da crise que ele mesmo criou e cevou.
Enfim, ao olharmos o passado e o nosso presente, um dado logo se apresenta, a sensível e gradual redução de nossas bancadas naqueles Estados que tinham sido fundamentais em 1982. Todos sabemos que essa quase implosão tem origem numa errada e criminosa política de alianças orgânicas. Um quadro que está sendo bem difícil de ser rapidamente superado.
Hoje, graças ao forte estímulo libertador dos movimentos político-populares que está a acontecer na América Latina, temos a oportunidade para mais uma vez lutarmos para tornar uma realidade os sonhos e desejos expressos na Carta de Lisboa, além de fazermos justiça à história de nossos fundadores e dos outros que ficaram pelo caminho.
Fazer uma aliança com a Ministra Dilma Roussef não é nenhum erro ou equívoco. Erro e equívoco será esquecermos os nossos princípios nacionalistas e democráticos. Princípios que devem fazer parte integrante da plataforma da campanha presidencial, juntamente com a convocação para uma exclusiva Assembléia Nacional Constituinte, que é o justo e correto meio de começarmos a construir o futuro.
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