Sobre 2010 e algumas verdades ocultas!
*Por Theófilo Rodrigues.
Fim de ano é época de amigo oculto. Mas no que depender de nossos jornais, parece ser também a época da verdade oculta.
O Brasil possui uma das maiores concentrações midiáticas de todo o mundo. Aqui na terra da jabuticaba, apenas 7 famílias – Marinho (Globo); Saad (Band); Frias (Folha); Mesquita (Estadão); Abravanel (SBT); Macedo (Record); e Civita (Abril/Veja) – controlam 90% de tudo que se lê, ouve ou vê.
Mantidas as condições normais de temperatura e (falta de) pressão dentro de uma sociedade liberal-democrata – ou seja, o povo fora do poder – esse conjunto de meios privados de produção de informação opera em forma de concorrência, de acordo com a lógica de mercado.
Mas numa conjuntura em que o poder popular-democrático ocupe parte do poder estatal, as ações desses grupos midiáticos, com raras exceções, se canalizam em uma única direção: o golpismo reacionário como forma de retorno do poder estabelecido anteriormente.
No Brasil, convencionou-se chamar de “Partido da Imprensa Golpista-PIG” esse conjunto de empresas de comunicação que encontram conjuntura desfavorável para seus interesses comerciais/ideológicos. Isso nos ajuda a entender qual a razão para os principais jornais brasileiros terem ocultado nesse fim de ano um importante dado da recente pesquisa DataFolha, qual seja, o dado sobre as declarações espontâneas de voto.
A pesquisa DataFolha nos mostra que hoje Serra e Dilma empatam com 8% das intenções de voto em cada um dos candidatos. Se somarmos aos 8% de Serra os 3% de Aécio e 1% de Alckmin, o candidato tucano chega aos 12%. Mas se também somarmos aos 8% de Dilma os 3% que votam no “candidato do Lula” e o 1% do eleitorado que vota no “candidato do PT”, também chegamos em 12%. Empate de novo, certo?
Errado. Pois ainda faltam os 20% dos entrevistados que votariam em Lula. Pode-se supor, sem medo de errar, que 99,9% desses entrevistados ao descobrirem que Lula não pode ser candidato, votarão em Dilma. Tudo bem que, como o professor Paul Lazarsfeld nos ensinou, uma eleição é como uma fotografia. Primeiro, na pré-campanha se imprime a imagem no celulóide. Só depois – nos últimos 60 dias de eleição – se revela a imagem que foi impressa.
Ainda estamos na pré-campanha, ou seja, na fase de passar a imagem pro celulóide. Mas não é tão distante assim da realidade imaginar que quando a imagem for revelada, esses 20% dos eleitores de Lula de hoje optarão por Dilma e não por Serra. Qualquer análise que diga o contrário deve ser vista com bastante desconfiança.
Tenho certeza de que essa verdade que hoje está oculta nos jornais aparecerá no ano que vem.
Um feliz 2010 para todos!
*Theófilo Rodrigues, mestrando em Ciência Política da UFF.
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