Um gesto decente de um homem de bem
Recebi, agora, um e-mail que me emocionou. É do meu amigo Georges Michel, que enfrentou a prisão, o exílio e, ao lado de meu avô, refundou o trabalhismo com a Carta de Lisboa, como você vê nesta foto que posto aí ao lado.
Michel vive em Brasília desde 1963. De lá, só saiu preso pela ditadura e para o infortúnio do exílio. Ele havia sido agraciado com a Medalha do Mérito Alvorada durante o Governo Arruda. Ele me comunica que, diante dos acontecimentos que envergoham Brasília, está tomando a atitude de devolver a comenda, na portaria do Palácio do Buruti, com uma carta, que transcrevo abaixo:
Tomo a iniciativa de devolver a Medalha do Mérito Alvorada que me foi concedida o ano passado.
Vivo em Brasília desde 1964. Daqui só saí para a prisão e o exílio, justamente por lutar pelo Brasil, por independência e justiça para seu povo. Conheci a Brasília dos sonhos generosos de progresso de JK, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.
Não posso, portanto, carregar como símbolo do amor que dedico a esta cidade e a seu povo algo que está manchado pela mais ignominiosa vergonha, que é se servir da confiança popular para praticar aquilo que todo o Brasil assiste nos vídeos em que em que o senhor e seus auxiliares entregam-se a cenas deprimentes.
Meu partido, o PDT, afastou-se do senhor, enojado. Eu, pessoalmente, tomo a mesma atitude.
Meu amor por Brasília não depende de uma medalha conspurcada por quem a concedeu.
Este amor prosseguirá em cada dia vivido de rosto erguido em que ainda andarei por suas avenidas.
O senhor, no meu entender, não pode fazer o mesmo.
Georges Michel
Que bom ter amigos, e amigos na política, que conservam o caráter, a coragem e a capacidade de tomar atitudes como o Michel.
Michel, teu ato é mais honroso que qualquer medalha que pudessem te dar.
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