segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

CHILE - Eleição do Berlusconi chileno.

Blog do Rovai
Eleição do Berlusconi chileno é perigosa para AL



Ontem os chilenos elegeram o mega-empresário Rafael Piñera para exercer quatro anos de mandato à frente do governo central do país. Ele se juntará a Álvaro Uribe e Alan Garcia na frente conservadora pró estadunidense na América Latina. Se política fosse futebol, não seria exagero dizer que foi uma contratação de peso para o time dos entreguistas.
Pode ser um sinal de que algo de novo começa a acontecer na política continental. Ou seja, como se fosse um movimento pendular, a direita pode estar retomando o protagonismo que teve na década de 90 e que havia perdido neste primeiro século do milênio pelas bandas de cá.
Ainda é cedo para cravar esta opção na análise da conjuntura política local, principalmente porque o processo chileno é repleto de especificidades, mas duas eleições presidenciais e alguns outros enfrentamentos terão peso decisivo para que as coisas fiquem mais claras nos próximos dois anos.
A principal eleição é a do Brasil, que acontece ainda em 2010. Juntando-se a esta vitória de Piñera, a volta do PSDB à presidência aqui mudaria completamente o cenário latino-americano. Mas além desta disputa, em 2011 acontece a sucessão de Cristina Kirchner na Argentina, onde o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, e o atual vice-presidente, Julio Cobos, surgem como favoritos. Ambos estão entre a direita e a centro-direita do espectro político. O primeiro mais conectado aos interesses financeiros e o segundo ao agrobussines. Mas além dessas duas disputas, a Venezuela também terá eleição congressual. E a situação de Chávez não é confortável. O país passa por uma crise que pode lhe levar à derrota. Por fim, há o caso Paraguai, onde o atual presidente Fernando Lugo tem sofrido fortes pressões e inclusive ameaça de um golpe institucional, a partir de um impeachment só justificável pelas suas posições políticas mais à esquerda.
Piñera é uma espécie de Berlusconi chileno. Tem meios de comunicação, time de futebol e aquele carisma de canastrão. Vai fazer de tudo para trabalhar pelos seus pares em outros cantos pra além do Chile. Ou seja, vai querer colocar o Chile no centro das articulações direitistas. E por isso vai virar garoto propaganda da mídia comercial em outros países.
Já estou vendo a chamada de capa futura de uma certa semanal. Título: “Piñera, o homem que levou o Chile à modernidade”. Olho: “Ele derrotou uma articulação de esquerda que há 20 anos governava o Chile e em menos de 1 ano mudou a cara do país para melhor”. E se isso vier a ser verdade, um candidato bicudo daqui vai dizer que vai fazer no Brasil o que Piñera fez no Chile. Vai melhorar o que já está bom e mudar aquilo que não está no caminho certo.

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