Pedro do Coutto
Reportagem de Aguinaldo Novo, publicada no Globo de 29 de dezembro, com base em dados do PROCON, focaliza, se, sobretudo acentua, uma realidade impressionante: bancos cobram por mês, nos saldos devedores de cheques especiais, o valor da Selic por ano. O governo remunera a rede bancária, com juros anuais de 8,7% a rolagem da dívida interna que oscila em torno de 1 trilhão e 300 bilhões de reais. Muito bem. Esta percentagem que incide sobre tal montante em títulos no mercado mobiliário, é exatamente a que os bancos cobram por mês. A taxa recuou 0,5% ao longo dos últimos doze meses. No mesmo período, a Selic desceu 5 pontos: de 13,75 para 8,75. A proporção, como é evidente, comprova que um índice não está ligado a outro. Mas isso nos cheques especiais. Nos empréstimos pessoais comuns, Aguinaldo Novo encontrou a média de juros de 5,4%. Os índices cobrados pelo comércio giram em torno do mesmo valor. O refinanciamento dos cartões de crédito aponta juros mensais superiores a 10%. As menores taxas do mercado são as que incidem sobre a compra de automóveis. Este é o panorama do custo do dinheiro para a população. O que surpreende é como o movimento comercial e o de crédito bancário permanece aquecido e a inadimplência é de aproximadamente entre 5 a 8%. E os índices de satisfação geral e de confiança nos resultados de 2010 são bastante positivos.
A impressão que se tem é que a realidade criou um padrão monetário escritural paralelo à moeda circulante. O mercado de trabalho criou 1 milhão e 400 mil empregos com carteira assinada. Neste total aparentemente não estão consideradas as demissões do período que levam a saques no FGTS. Assim é importante comparar os dois lados. Pois se 1 milhão e 400 mil empregos novos for o saldo de 2009 é porque as contratações teriam que atingir 2 milhões e 600 mil, já que as demissões, como revelam os relatórios da Caixa Econômica publicados em Diário Oficial, situam-se em torno de mais de um milhão de casos. De qualquer forma, houve um avanço positivo em 2009 e isso está refletido nos índices de satisfação. Deve-se considerar, também, para tal efeito, o fato de o Brasil ter conseguido sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. As duas conquistas influem na psicologia coletiva, gerando pontos de alegria e energia que se refletem na autoestima. Importante aspecto sobretudo ne4ste ano eleitoral. Se reflete ou não a favor da candidatura da ministra Dilma é outra questão. Deve refletir, logicamente. A pergunta então é se a ponto de levá-la à vitória.
Reunindo todos os fatores positivos conquistados, o governo Lula emprenha-se em conduzir debate ao segundo turno, quando então o provável caminho, para o Planalto é levar a uma comparação entra a atual administração e a do presidente Fernando Henrique. Um desafio para o PSDB e especialmente para o governador José Serra o de evitar o deslocamento de foco que em tudo favorece o presidente Lula, comprovadamente como assinalam todas as pesquisas publicadas, principalmente as do IBOPE e Datafolha. Mas desfechos eleitorais dependem do desempenho dos candidatos na campanha. Porém, sem dúvida, o clima gerado pelo mercado de consumo baseado nu sistema de moeda escritural vai influir. O enigma, entretanto, é até que patamar. A política é marcada por dúvidas. Seu fascínio, aliás, está exatamente aí.
Fonte:Tribuna da Imprensa.
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