quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

HAITI - EUA no Haiti. Solidariedade ou ocupação militar?

Copiado do Blog Tijolaço.

Marines desembarcam e ocupam área do semidestruído Palácio Presidencial em Porto Príncipe, numa cena que pouco lembra ajuda humanitária

Ontem, a Folha de S. Paulo publicou uma matéria da maior gravidade, produzida pela agência Reuters. Entidades internacionais que não podem ser acusadas de “esquerdismo”, inclusive um ministro francês, afirmam que o controle militar de fato do Haiti, assumido unilateralmente pelos EUA, está prejudicando as operações de auxílio no Haiti e causando graves atrasos para os médicos que tentam levar ajuda vital às vítimas do terremoto deste mês.

Françoise Saulnier, diretora dos Médicos Sem Fronteiras, disse que a chegada de medicamentos atrasou três dias porque o aeroporto de Porto Príncipe, sob controle americano, foi bloqueado para o tráfego militar. “E esses três dias criaram um enorme problema de infecções e gangrenas, com amputações que agora são necessárias, enquanto poderíamos realmente ter poupado isso a essa gente.” Já o secretário francês da Cooperação Internacional, Alain Joyandet, queixou-se que um avião da França com ajuda humanitária foi impedido de pousar na capital haitiana.

Quando virão os tanques para controlar estes perigosos saqueadores de uma bisnaga de pão?

Os Estados Unidos já têm 12 mil homens lá e estão enviando mais 4 mil. Não foi a pedido da ONU, que solicitou 3,5 mil e a todos os 18 países que integram a força internacional das Nações Unidas. Isso é quase o dobro da Minustah, que tem 9 mil homens, liderados pelos cerca de 1300 brasileiros.

Hugo Chávez e Evo Morales acusaram os EUA de ocuparem o Haiti sob pretexto de prestarem ajuda. No Haiti, nesta terça-feira, o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, disse que os norteamericanos querem ter presença militar permanente no Haiti, dentro de uma estratégia para “controlar o continente”.

Os energúmenos nacionais discutem como fazer do sofrimento daquela gente infeliz uma treinamento para ocupar e dominar militarmente favelas. Não descreia de que na direção do poderio militar norteamericano haja gente pensando o mesmo: ocupar e dominar o que, para eles, é a “favela do mundo”, os países pobres.

É necessário uma reunião imediata da ONU para fixar contingentes e funções das forças militares estrangeiras no Haiti. Há um mandato internacional de paz para ser cumprido naquele país. Não uma carta branca para quem quiser mandar quantas tropas de desejar e assumir o controle do Haiti. O manto nobre da ajuda humanitária não pode encobrir e legitimar pretensões coloniais.

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