sábado, 8 de outubro de 2011

EUA - "Nossa missão: envolver-nos"

ADITAL

Nova York tem oito milhões de habitantes; um milhão vive na pobreza. É uma vergonha!

E, no entanto, o sistema não se detém. Não importa quanta vergonha possamos sentir; a maquinaria vai adiante, para fazer mais dinheiro. Novas maneiras de trapacear com as aposentadorias; de roubar ainda mais. Porém, algo está acontecendo em Liberty Plaza.

Estive em Liberty Plaza para escrever um par de notas. E voltarei.

Estão fazendo um grande trabalho lá. E estão recebendo cada vez mais apoio.

Em uma dessas noites, o sindicato de empregados de transportes –os condutores de ônibus, condutores da metropolitana- voltou com entusiasmo para dar sustentação ao protesto.

Há três dias, 700 pilotos de linha –sobretudo de United e de Continental- marcharam por Wall Street. Não sei se deu para assistir na TV.

Sei como esteve a cobertura aqui; mostraram apenas uns poucos hippies que tocavam tambores –coisas típicas que os jornais buscam-. Por favor, que Deus abençoe os hippies que tocam seus tambores! Mas, eu lhes digo o que vi naquela praça. Vi jovens e anciãos; gente de todo tipo e de todas as cores e de todas as religiões. Vi também as pessoas que votam por Ron Paul (o candidato presidencial ultraconservador que quer abolir o Banco Central). Quero dizer, era um grupo de gente de todo tipo. Estavam pessoas enfermas; estavam os professores. Hoje, haverá manifestação: também os condutores de ônibus e da metropolitana marcharão de novo pela Wall Street. Escutei dizer que a UAW (sindicato dos operários automotivos) está pensando em algo parecido. Pensem! Seu pior pesadelo se converterá em realidade.

Os hippies e os operários automotivos que marcham juntos! As pessoas entenderam. E toda essa história sobre as divisões internas... Não interessa às pessoas. Porque dessa vez trata-se de seus próprios filhos que correm o risco de não poder ir à escola. Dessa vez correm o risco de ficar sem casa.

Essa é a verdade que está em jogo!

Porém, o que me parece mais estranho e bizarro, de parte dos ricos, é como puderam exceder-se tanto.

Quero dizer: ia tudo muito bem para eles. Mas, para eles não era o bastante. Para os novos ricos não era o bastante. Os novos ricos que não fizeram fortuna graças a uma boa ideia; nem graças a uma invenção; nem ao seu próprio suor; nem com seu trabalho...

Os novos ricos que enriqueceram com o dinheiro dos outros; com o que jogaram como se fossem ao cassino. Dinheiro, mais dinheiro. E agora, temos uma geração de jovens cujos heróis são os dos canais de TV de negócios: aqueles que enriqueceram fazendo dinheiro sobre os que fazem dinheiro.

Porém, de quantos jovens que comecem a trabalhar para salvar esse planeta necessitamos?

Para encontrar a cura para todos esses males. Para encontrar uma maneira de levar água e serviços higiênicos aos milhares de pessoas sobre essa terra...

Isso é o que queria. Que, em vez de que as 400 pessoas mais ricas desse país tenham mais riqueza, sejam os 150 milhões de estadunidenses todos juntos os que estejam em melhor situação. Dirão: essa é uma das cifras que Michael Moore joga sem fundamento. Porém, é uma estatística certa: verificada por Forbes e por PolitiFact.

As 400 pessoas mais ricas dos Estados Unidos são mais ricos que os 150 milhões todos juntos! E isso não pode ser chamado de democracia!

A democracia implica em igualdade: eu não digo que cada pedaço da torta deve ser da mesma medida; porém, será que não exageraram?

Agora, há essa boa notícia. Porque até que alguém desafie nossa democracia –enquanto a Constituição se mantenha intacta-, quer dizer que cada um de nós terá o mesmo direito de voto que os senhores de Wall Street: um voto por pessoa.

E eles poderão comprar todos os candidatos que queiram; porém, sua mão guiará a nossa mão quando estivermos no quarto escuro.

A mensagem de gritar forte é fazer chegar aos milhões de pessoas que se deram por vencidas ou que foram convencidas por ignorância-. Conseguiremos fazer chegar nossa mensagem aos 400 será o pior pesadelo. Porque só sabem fazer contas!

Nós somos muitos mais que eles. Depende somente de nós. Basta de despertar-se pela manhã e dizer "ok”. Agora, basta! Decidi envolver-me. Essa agora é a nossa missão: envolver-nos. Por isso, lhes digo: apóiem o protesto de Liberty Plaza!

[Testemunho durante a apresentação do último livro de Moore em ST. Mark's Bookstore].

Nenhum comentário: