quinta-feira, 24 de abril de 2014

POLÍTICA - Divergências entre Campos e Marina.

Campos e Marina divergem sobre quase tudo


Em demonstrações cada vez mais ostensivas de que a parceria entre os dois é de ocasião e meramente eleitoral, o presidenciável Eduardo Campos (PSB) e sua companheira de chapa, a candidata a vice-presidente da república, Marina Silva (Rede Sustentabilidade), continuam se estranhando. Agora eles discordam sobre a autonomia do Banco Central (BC).
Campos colocou a questão em discussão entre os elaboradores de seu programa de governo  quer que a autonomia seja incluída entre as  diretrizes de um eventual governo dele. Marina disse à Folha de S.Paulo que é contra por não entender essa necessidade de se institucionalizar a autonomia ou de criar garantias legais para assegurar a sua independência no país.
Em entrevistas há dois dias a dois jornais, o norte-americano “The Wall Street Journal” e o brasileiro “Valor Econômico”, Campos insistiu que faz sua proposta de institucionalização da autonomia do BC , porque hoje ela existe na prática, mas sem garantia legal  estabelecida em lei. Se efetivada como tal, o presidenciável acredita que ela funcionaria um sinal positivo ao mercado financeiro e ajudaria a sustentar a credibilidade da política econômica.
À Folha de S.Paulo, hoje, Marina diz que é contra.”A autonomia do Banco Central, todo mundo que acompanha as minhas falas sabe, eu a defendo. E a Rede também. O que eu pontuei é que o Eduardo colocou a questão da institucionalização dessa autonomia através de uma lei. E nós achamos que, na realidade do Brasil, não há essa necessidade. O que nós ponderamos é que essa autonomia tem de ser efetiva, e não necessariamente institucionalizada, como ocorreu na Argentina. A Argentina foi por esse caminho e no caso do Brasil, é preciso assegurar a autonomia de fato”, explicou Marina ao participar em São Paulo de evento de seu partido.
Marina não quer a autonomia. Nem saber do agronegócio
Mas as divergências entre os parceiros do PSB-Rede Sustentabilidade não param por aí. Além de não terem candidatos majoritários (a governador e a senador) únicos em um grande número de Estados, nem concordarem quanto a alianças em negociação, há a velha posição de Marina contra o agronegócio, que sempre encontra forte resistência de parte dos ruralistas. Estes, por sua vez, são paparicados por Campos.
Na questão das alianças, em diversos Estados Marina pende por coligar-se a partidos mais á esquerda e/ou que estavam na oposição regional, enquanto seu companheiro Eduardo Campos mostra-se flexível e luta para manter a proximidade e coligações com os governos locais aos quais o seu PSB sempre apoiou e já está aliado há vários anos.
Exemplo mais eloquente dessa situação é São Paulo, onde Campos cruzou os braços e vê o seu PSB lutar para manter o apoio ao governador Geraldo Alckmin e à sua reeleição, possibilidade rechaçada e que não é admitida em hipótese alguma por Marina.
No tocante ao agronegócio, num almoço ontem, em Cascavel (PR), com cerca de 200 ruralistas, o candidato Campos, foi questionado sobre as posições de sua candidata a vice, Marina Silva, a respeito do agronegócio. O encontro foi patrocinado pela Associação Comercial e Industrial (ACIC) da cidade.
Campos: “Sou o 1º a agir em defesa deste setor (o agronegócio)”
O candidato recebeu perguntas dos empresários rurais da entidade e a uma delas, se, em seu grupo, há “outras pessoas que se posicionam contra o agronegócio” além de Marina, ele respondeu: “Eu nasci no meio rural, conheço a realidade do homem do campo e sou o primeiro a agir em defesa deste setor que é fundamental para o desenvolvimento do País”.
Ao término do encontro, e como já se tornou habitual na campanha, Eduardo Campos atacou o governo Dilma Rousseff. “Nós vamos subir a rampa e vai descer àquela turma que está lá de costas para o Brasil. Não vamos governar com aquelas velhas raposas que estão lá roubando o sonho do povo brasileiro de construir uma nação melhor. É insustentável esse padrão político brasileiro, com 39 ministérios que os partidos chamam de seus. Vamos fazer de outro jeito”.
O fato é que ataques ao governo da presidenta Dilma e fuga de respostas diretas à oposição da companheira de chapa ao agronegócio não escondem um quadro cada vez mais ostensivo na parceria e na campanha da dupla Eduardo Campos-Marina Silva: praticamente nada os une e tudo os separa. A ver a marcha dessa jornada até 5 de outubro, 1º turno da eleição presidencial deste ano…

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