Antes da leitura do presente artigo gostaria de comunicar que o MODECON (Movimento em Defesa da Economia Nacional), lançou no último dia 21 de abril, o " Movimento em Defesa da Amazônia", que será uma campanha suprapartidária, nos moldes do que aconteceu na épica campanha realizada no início da década de 50, conhecida como "O Petróleo é Nosso".
Tem como um dos seus objetivos, interromper o processo de licitação , em andamento, que entregará cerca de 170 mil ha do território brasileiro para empresas privadas. A lei de gestão das florestas, que permitirá esta entrega, representa, no meu entender, a renúncia do Estado nacional ao controle da Amazônia.
Artigo do Prof. Edson.
Em 1999, ainda dentro das iniciativas do Movimento Nativista que integro, coordenei a edição da Coletânea `Amazônia I`, do Neema - Núcleo de Estudos Estratégicos Mathias de Albuquerque, onde personalidades do meio militar e pessoas de alto prestígio do meio civil mostraram a realidade da situação amazônica brasileira.Hoje, passados nove anos do lançamento daquela obra (esgotada), voltam à tona, com grande intensidade, os assuntos que a justificaram: a soberania nacional, a cobiça internacional, o aproveitamento alienígena da questão indígena para justificar a potencial desintegração da Amazônia brasileira do restante da Nação, o receio (absurdo) de que as manifestações dos militares possa representar um retrocesso na reconquista democrática recente.Nesse contexto, agravado pela crise energética e pela quase-certeza de que o Brasil estará na mira do mundo quando se iniciar verdadeiramente a crise mundial da água, alguns brasileiros se lançam a uma campanha de conscientização nacional que se assemelha, segundo eles, à luta de O Petróleo é Nosso. O que me preocupa nessa suposta semelhança - e já me manifestei sobre isto - é a convicção de que aquela campanha pôde ser construída entre segmentos discretos da sociedade que, mesmo tendo representantes de origens ideologicamente díspares, detinham a intelectualidade mínima que os sustentava juntos numa missão nacional não xenófoba. Eles eram o mais esclarecido pensamento disponível ao propósito nacional e foram suficientes para levar a campanha à vitória.Já a situação amazônica é, a meu ver, diferente. Não dá para ser resolvida na insuficiência de campanhas de esclarecimento. Não dá para torná-la sequer uma questão a resolver (que dirá, resolvida...) sem a maciça participação popular. Acertos diplomáticos, como praxis da solução, apenas adiarão a consumação da perda territorial ou propiciarão dias terríveis para a sociedade brasileira. É necessário criar instrumentos de convencimento que tragam, a exemplo das Diretas-Já ou do clássico impeachment, os jovens à rua e os comícios que despertam os políticos à sua missão pública. Todos, desde o Norte vizinho da questão até o longínquo Sul dos gaúchos, precisam sentir na massa do sangue que aquele tesouro lhes pertence e representa a oportunidade de um salto libertador. E eles não sabem!É provável que na literatura brasileira, no que concerne aos ensaios e documentários, não haja matéria mais focalizada que a Amazônia. Juntando-se este acervo ao congênere de origem estrangeira, é provável que as contribuições ao entendimento daquele rincão não encontrem similar numérico no mundo. Convenhamos, é muita coisa já esclarecida. Prosseguir, entre os intelectuais, falando sobre o que todos já sabem, só se justifica por missão professoral ou diletantismo acadêmico. O Estado brasileiro precisa se decidir, de uma vez por todas, se quer ou não manter o seu direito sobre aquelas terras, e somente uma manifestação popular, amplamente disseminada, pode forçar tal decisão. Aceitar um novo país - de fato - dentro daquele cujo povo tem o direito nacional sobre as terras, é derrota prévia, onde nem mesmo a ressalva de que o desastre se deu `sem uma gota de sangue derramada` é cabível, pois é certo de que muitos já se feriram e outros já morreram na realidade amazônica de uma terra-de-ninguém.O povo precisa reagir como quem sabe que `a luta amazônica é uma luta nacional.
Um comentário:
Caro professor , tenho esse livro que o senhor mencionou , apesar de já ter 10 anos continua sendo muito atual , e me parece que de lá para cá nada do que foi dito na ocasião foi levado em consideração , continua tudo na mesma .
Tomara que o nosso Brasil não venha a sofrer das mazelas futuras, que tão bem colocadas foram, pelos autores da coletânea Amazônia . Da qual participou meu grande amigo já falecido , Cel.Frederico Pamplona , que me presenteou com um exemplar do qual tenho maior apreço.
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