Artigo do jornalista Laerte Braga no blog Fazendo Média.
O saco de gatos que se tornou o governo Lula e, curiosamente num momento de grande aprovação popular, foi mexido e remexido nos últimos dias com jogadas que tanto podem ser de xadrez, comojabs desferidos numa luta de boxe. Golpes preparatórios para eventuais nocautes e uma ou outra queda até o último round.O governador de Minas (que governa do Estado do Rio de Janeiro onde mora), foi atropelado por alto como um direto e não sei se terá fôlego para resistir. A candidatura do PSB (partido de aluguel das esquerdas) a prefeitura da capital mineira, Belo Horizonte, chave para uma grande aliança PT/PSDB, foi jogada para o espaço em termos de PT.A reação do ministro Patrus Ananias que sentiu ali ou o xeque mate ou o direto na ponta do queixo, inviabilizou o que se pretendia uma grande aliança nacional que tinha como objetivo maior ferir de morte o governador de São Paulo, José Serra, e viabilizar a candidatura presidencial de Aécio, mesmo que no meio do caminho algumas pedras obrigassem o carioca que governa Minas a migrar para o PMDB.Aécio jogou um tudo ou nada e perdeu, ainda que possa levar a Prefeitura de BH. Vai ter que disputar dentro do seu próprio partido e pode terminar vice de Serra, hipótese que não era excluída no final de semana. Mesmo levando em conta e tem que ser levado, que “política é como nuvem, você olha agora tem uma formação, você olha em seguida e tem outra”, dizia Magalhães Pinto.Numa outra direção os setores que mantêm o bom senso dentro do governo e ainda não foram contaminados pelo vírus Mangabeira Unger (delirius estratosféricos de Wall Street – mas muito bem pagos), começam a reagir e colocam a ministra Dilma Rousssef como face visível do projeto de Lula de eleger seu sucessor. Se vai ou não é outra história. A ministra tem impressionado por sua coragem, seu passado de lutas, o conjunto de toda a sua história.Sua visão de PAC (Processo de Aceleração do Crescimento) é diferente da entrega pura e simples dos “negócios” à iniciativa privada, papel queMangabeira cumpre dentro do governo e isso cria um fosso entre o que resta de PT e do governo e o que virou FIESP/DASLU, ARACRUZ/VALE.Dilma, ainda mais depois da entrevista que concedeu a Jô Soares (numa tentativa desesperada do apresentador de ressuscitar a si próprio), vai ficar no centro do alvo dos que acham que oPAS (Plano Amazônia Sustentável) é um ponto de equilíbrio entre devastar de maneira absoluta, ou devastar aos toques de corneta do general Augusto Heleno e seus seguidores, mas devastar.Em meio a isso, deixando de olhar para o lado como se o problema não fosse com ele e seu governo, seu futuro político inclusive, o presidente Lula. A conferência que resultou naUNASUL resultou também em declarações incisivas do presidente sobre a Amazônia. Todas, no entanto, com o cuidado de não dar no cravo e nem dar na ferradura. Só dizer o óbvio. Já foi um avanço.O grande e a imensa maioria da população não sabe, lógico, a mídia não informa, é que houve um ensaio de revolta em unidades militares da Amazônia do general Heleno. Protestos foram generalizados em alguns quartéis e esse nacionalismo canhestro e entreguista, tal e qual o que precedeu 1964, tem um espectro muito mais amplo e envolve o conjunto de países amazônicos, na ótica e nos interesses dos donos.Mangabeira Unger é o porta-voz encarregado de engabelar o Brasil e os brasileiros. Esse o sentido das reações a alianças partidárias já nas eleições municipais e com os olhos em 2010. Foi o alvo da pisada no freio do presidente.A velocidade com que os fatos acontecem assustou Lula e a nova realidade colombiana, sem o revolucionário Manuel Marulanda – não pode ser dissociada da nossa. Fizeram o presidente enxergar que pode estar caindo no conto do brasilianista amigo de Blairo Maggi, o que vale dizer, dos braços políticos de interesses estrangeiros reais e concretos sobre a Amazônia no seu todo.Há uma percepção clara em setores do governo Lula que, de repente, aquele mote que antecedeu 1964 “chega de intermediários, Lincoln Gordon presidente”, pode ter chegado a um ponto maior de “perfeição”; “chega de intermediáriosMangabeira Unger presidente”. Nasceu no Brasil, tem sobrenome de família tradicional e voltou ao “Brazil”.Dilma Roussef pode não vir a ser a candidata, mas certamente, cumpre essa papel no momento. Vir a ser ou não, vai depender de sua capacidade de esquiva, principalmente de figuras ridículas como o senadorAgripino Maia.E o próprio governo Lula lança uma espécie de bóia salva vidas (salva governo), num contraste de alta popularidade e falta de rumo,biruta desgovernada.Registre-se que Lula não torceu o nariz a aliança PT/PSDB em BH. O tiro de misericórdia veio da direção nacional do PT e quem apertou o gatilho foi o ministro Patrus Ananias. Faz parte do Brasil, esse ainda com “s”.Não há como pensar o Brasil hoje sem incluir toda a América do Sul e principalmente, pela característica aguda do momento amazônico, digamos assim, o conjunto Venezuela, Equador, Bolívia e Colômbia.Chávez, Morales e Corrêa de um lado e Uribe e o narcotráfico/Wall Street de outro. Isso inclui as FARCs-EP e o ELN (não são irrealidades nem forças em desagregação ou sendo vencidas).O grande avanço da UNASUL foi de abrir uma cova rasa para a ALCA e abrir espaços para uma integração real e efetiva na qual o Brasil tem papel chave.Mangabeira Unger é o outro lado, não tem nada a ver com isso.
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