Claudia Jardim, para a BBC Brasil.
Pastrana diz que escolha de Cano "deve ser sinal" positivo.
A indicação de Alfonso Cano para assumir o comando das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em substituição a Manuel Marulanda reacendeu a expectativa na Colômbia quanto à abertura de uma nova negociação de paz entre o grupo e o governo.
Negociador dos diálogos de 1991 e 1992, Cano é tido como um dos ideólogos da guerrilha e também é considerado mais moderado do que o guerrilheiro Mono Jojoy, outro nome apontado como um possível sucessor de Marulanda.
Políticos colombianos disseram que o fato de o Secretariado das Farc ter optado por Cano e não por Mono Jojoy indica que um avanço é possível na nova gestão do grupo rebelde.
"(A escolha de Cano) deve ser um sinal de que a parte política das Farc irá, de verdade, de uma vez por todas, entender que é por meio de uma solução política negociada como poderemos fazer a paz”, disse o ex-presidente Andrés Pastrana (1998-2002), que participou de fracassadas negociações de paz com Marulanda em 1999 e 2002.
“Alfonso Cano sempre foi o homem que liderou essa ala política dentro das Farc.”
"Esse é o momento definitivo para que pensem em deixar as armas”, acrescentou o ex-mandatário.
Reféns
A senadora colombiana Piedad Córdoba - que atua como facilitadora do acordo humanitário para a libertação de reféns da guerrilha em troca da libertação de rebeldes presos - disse conhecer o novo líder das Farc e também mostrou otimismo com as perspectivas de negociação de paz com ele.
“Cano (...) é um homem político com uma estrutura ideológica muito séria, propenso à paz na Colômbia e por uma saída negociada do conflito”, disse Córdoba.
Cano (...) é um homem político com uma estrutura ideológica muito séria, propenso à paz na Colômbia e por uma saída negociada do conflito.
Piedad Córdoba, senadora colombiana
Para a senadora, com Cano “haverá possibilidades de trabalhar” para alcançar novas libertações.
No início do ano, as Farc libertaram unilateralmente seis de seus 45 reféns considerados passíveis de troca no acordo humanitário.
“Triunfalismo”
No entanto, o clima de vitória que poderia se fazer sentir em setores do governo de Álvaro Uribe diante da perda sofrida pelas Farc poderia prejudicar uma saída dialogada para o conflito armado.
A advertência é do ex-presidente Ernesto Samper (1994-1998), que considera “previsível” que alguns grupos do governo e as Forças Armadas “caiam em um triunfalismo militarista”.
"Não há nenhum conflito que não tenha terminado com uma saída política, assim são as coisas, e o governo não pode pretender que pela via militar se exterminará o referido grupo armado”, afirmou Samper.
O governo tem afirmado que as Farc estão “próximas do fim”.
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