Um fato importante que aconteceu nesse Fórum, foi a elaboração de uma Resolução na qual o Fórum foi escolhido para ser o mediador do Paraguai, nas renegociações de tratados hidroelétricos com o Brasil e Argentina.
Fórum de São Paulo reuniu, entre 23 e 25 de maio, 844 representantes de partidos de esquerda de 35 países, em Montevidéu. Colômbia, Bolívia e Paraguai foram os protagonistas das principais discussões. Atuação dos EUA na Colômbia foi duramente criticada.
Clarissa Pont - Especial para Carta Maior
MONTEVIDÉU - Caracterizada pelo Fórum de São Paulo como política de guerra preventiva na América Latina, a atuação dos Estados Unidos na Colômbia e a conseqüente invasão do território equatoriano foram tema da maioria dos discursos proferidos em Montevidéu. A vitória de Fernando Lugo nas eleições presidenciais paraguaias, considerada como início da incorporação de mais um país às forças progressistas no mapa político do continente, foi aplaudida e recebeu solidariedade de todos partidos presentes no encontro. O apoio ao governo de Evo Morales também foi sublinhado por diversas vezes durante as reuniões.Para o anfitrião do encontro, Jorge Brovetto, “esse é um novo tempo de esperança e de responsabilidade histórica para as organizações políticas de esquerda”. O presidente da Frente Ampla relembrou que a quinta reunião do FSP, em Montevideo, teve como cenário o mesmo prédio, o então Parque Hotel, agora Edifício Mercosul. “Tomemos essa coincidência como um símbolo de integração e do processo de transformação que o FSP vem demonstrando há 18 anos na América Latina e no Caribe”.Durante discurso, o prefeito da capital uruguaia, Ricardo Ehrlich, também assinalou a tão almejada unidade continental, principalmente na construção da cidadania e para gerar igualdade de oportunidades em todas as sociedades. “Devemos buscar novos pontos de ruptura conceitual que tenham forte valor e que costurem a relação de novas propostas. Isso significa assumir com mais energia que nunca as responsabilidades que dividimos”, disse Ehrlich.O possível envolvimento da iniciativa privada na estatal de energia Pemex foi o assunto da comitiva mexicana presente no encontro. Parlamentares de três diferentes forças de esquerda chegaram a acampar na Câmara e no Congresso em protesto contra a privatização do petróleo no México. O governo vem defendendo que o investimento estrangeiro e privado é a única forma de aumentar a produção e não deixar a Pemex ir para o buraco. “Temos que unir esforços para barrar a privatização do petróleo mexicano. Acreditamos na unidade para construir, a cada dia, por uma segunda independência nos países do continente. Solidariedade e integração para construir uma democracia integrada com justiça e paz”, afirmou a mexicana Blanca Flor.Para o secretário geral do Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil, José Eduardo Cardoso, as atuais diretrizes de luta dizem respeito ao México, ao Paraguai, à Colômbia e à Bolívia. “Certos desafios precisam ser superados. Em primeiro lugar, apoiar o governo de Evo Morales, que tem pela frente uma difícil jornada com o referendo revogatório que será realizado no dia 10 de agosto. Em segundo lugar, todo apoio ao governo de Fernando Lugo. E temos que lutar pela paz na Colômbia, fundamental para o avanço da esquerda”.Em discurso realizado no primeiro dia do encontro, Cardoso falou sobre os desafios do PT na defesa de um novo governo. É a primeira vez que o partido concorrerá a eleições presidenciais sem Lula como candidato, mas, mesmo assim, o dirigente brasileiro acredita que existam condições efetivas para unir forças progressistas e garantir um terceiro mandato do PT no governo federal. Durante a última reunião do FSP, no domingo, as divergências no texto produzido para ser a Declaração Final do Fórum, giraram em torno da renegociação do Tratado de Itaipu e de como tratar as imigrações políticas e econômicas que esvaziam países latino americanos e, cada vez mais, engrossam a fila de ilegais nos Estados Unidos, Europa e Japão. A comitiva paraguaia conseguiu, no último momento, incluir no documento uma resolução que afirma o FSP como mediador e apoiador do Paraguai nas renegociações de tratados hidroelétricos com o Brasil e a Argentina.
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