segunda-feira, 5 de maio de 2008

HISTÓRIA - Um documento histórico sobre o RioCentro.

Não podemos esquecer a farsa que o exército montou para explicar o atentado. Foi uma verdadeira vergonha e o sujeito que assinou o inquérito ainda foi promovido a general. O que vocês vão ler abaixo foi copiado do site Direto da Redação.

UM DOCUMENTO HISTÓRICO SOBRE O RIOCENTRO
Nesta quarta-feira, dia 30 de abril de 2008, o atentado ao Riocentro completou exatos 27 anos. Um tema que foi tabu durante muitos anos, porque envolvia militares do serviço de informação do exército num período em que a imprensa estava tolhida em sua liberdade de informar. Hoje o atentado é de domínio público, está disponível em dezenas de páginas da internet e a mídia tem ampla liberdade de contar o que realmente aconteceu. Em poucas palavras, o caso da bomba do Riocentro pode ser assim descrito. Naquele dia 30 de abril, um show comemorava o dia do trablho. Pouco antes das 10 da noite, o show foi interrompido pela explosão de duas bombas: uma no Puma, no estacionamento, e outra no prédio onde estava a casa de força do local. No Puma, estavam dois militares do serviço de informação do Exército, o capitão Wilson Machado, que ficou gravemente ferido e acabou sendo levado a um hospital por Andréa Neves, irmã de Aécio e neta de Tancredo, que apenas assistia ao show, e o sargento Guilherme Rosário, que morreu no local, com os intestinos à mostra, já que a bomba explodiu em seu colo. A investigação ficou a cargo do Exército que indicou o coronel Luiz Antonio do Prado Ribeiro para chefiar o inquériro policial-militar. Duas semanas depois, entretanto, o coronel Ribeiro se afastou do cargo, alegando motivo de saúde. Em maio de 2005, numa entrevista ao Fantástico, o Coronel Ribeiro contou emocionado que, à medida que recebia os laudos periciais e interrogava testemunhas, inclusive extra-oficialmente o capitão Wilson, ele começou a ter dúvidas e escreveu um documento "informando que, além dessa hipótese do atentado, poderia haver outra, essa outra, de uma ação ilegal dos serviços de informações”. O Coronel Ribeiro ficou “doente”, por razões óbvias, e em seu lugar entrou o Coronel Job Lorena, cuja investigação concluiu que os militares tionham sido vítimas de um atentado terrorista. Até aqui, nada de novo. O que quase ninguém sabe é que naquela noite de abril de 1981, uma equipe da TV Globo do Rio chegou ao local antes dos militares. A repórter Leila Cordeiro e o cinegrafista Mauricio tiveram tempo de filmar o carro e ouvir algumas pessoas antes que a área fosse totalmente evacuada. E nesta quarta-feira, Leila recebeu um link com a reportagem da época. É um documento histórico que a emocionou e que você, leitor, vai poder clicar no final do texto. Antes, é importante ver o que Leila escreveu em seu blog ( www.leilacordeiro.blogspot.com ) , um depoimento sobre o que ela viu naquela noite e como a matéria foi tratada dentro da Globo: Mais ou menos dez da noite. Já estava deitada, pronta pra dormir. Pulei rápido da cama e ainda sonolenta vesti-me com a primeira roupa que encontrei, até porque o carro da Globo chegou em seguida ao telefonema. Quando estacionamos no Riocentro senti algo estranho no ar, apesar de não ver nenhuma movimentação. Vimos que havia fumaça num determinado lugar do estacionamento e fomos até lá. Quando chegamos ao local, vimos em primeira mão, um carro esportivo "Puma" destruído com uma pessoa lá dentro também completamente destroçada.Era sangue por todo lado. O cinegrafista e eu não entendemos nada. Não sabíamos sequer porque estávamos ali. Aliás, naquele momento ninguém sabia. Nem a chefia de reportagem da Globo. Mas isso logo se resolveu. Em poucos minutos carros oficiais da polícia , do exército e dos bombeiros chegaram cercando toda a área. Nos empurraram para fora e começaram a perguntar o que tínhamos visto. Logo em seguida chegaram repórteres de vários jornais e cada um correu para o seu lado para apurar os acontecimentos. Naquele dia, eu sabia que estava aprendendo algo mais... Fiquei cobrindo o fato até o dia seguinte quando chegou outra equipe de reportagem para me render. Dali fui direto para a redação da Globo, onde fiquei à disposição dos editores e da direção para escrever o texto e ajudar na edição. Não vi e não posso afirmar, mas soube que representantes do alto escalão do exército estiveram nos andares poderosos do Jardim Botânico para acompanhar as informações. O que posso dizer é que tive que mudar o texto umas três vezes e quase "testemunhar" o que vi no estacionamento. Hoje, se pode dizer que, felizmente, o plano dos militares não deu certo. O leitor já imaginou a tragédia que seria se a bomba que explodiu na casa de força tivesse desligado a energia elétrica do Riocentro, com o pânico tomando conta da multidão de espectadores? Essa foi uma página triste de nossa história recente, que precisa ser contada às novas gerações, para que não tenhamos mais que conviver com idéias retrógradas que colocam em risco a democracia. PS - O link para você ver a reportagem é http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM821239-7823-MILITAR+MORRE+EM+ATENTADO+NO+RIOCENTRO,00.html Se não estiver mais disponível na página do Globo.com, você pode vê-lo no blog da Leila ( www.leilacordeiro.blogspot.com ) .

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