O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) divulgou mais um levantamento nessa série de pesquisas feitas recentemente. Na segunda-feira, 23, foi anunciado um estudo mostrando que a desigualdade entre os salários caiu 7% desde 2002. A pesquisa foi feita nas seis principais regiões metropolitanas do país: Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Os ganhos nas rendas mais baixas foram proporcionalmente maiores que das rendas mais altas, graças ao aumento do salário mínimo e ao crescimento econômico. No entanto, a inflação e a alta dos juros ameaçam reverter o efeito. Nesse período, o índice de Gini na renda do trabalho, caiu de 0,543 para 0,505. O indicador varia de 0 a 1 - quanto mais perto de 1, maior a desigualdade. De acordo com Márcio Pochmann, presidente do IPEA, uma distribuição justa não pode ultrapassar 0,45. Com o aumento do PIB e a queda do desemprego houve uma maior demanda por mão-de-obra, principalmente pela de menor valor. Por isso a elevação dos salários menores em relação aos mais altos. Existe uma falta de mão-de-obra com formação técnica, sobretudo nos setores metalúrgico, de tecnologia da informação, construção naval e siderurgia. A construção civil foi líder na criação de vagas com carteira assinada no primeiro trimestre de 2008. Esse mercado tem sido impulsionado por projetos como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que promete construções grandiosas na indústria de transformação, por exemplo. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo estima que as obras das duas hidrelétricas no Rio Madeira previstas no programa exigirão a contratação de 31 mil profissionais da construção civil nesse ano e em 2009. Dos 180 bilhões de reais já anunciados para novos projetos, 45% fazem parte do PAC. A construção pesada ultrapassou a agricultura na criação de empregos formais. No campo, esse número caiu 3,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo uma pesquisa do campus de Marília da Unesp, isso se deve a mecanização das lavouras, ao crescimento de alguns cultivos e a maior concentração de terra. De acordo com esse estudo, nos últimos trinta anos o numero dos trabalhadores rurais diminuiu 60%. Para diminuir a desigualdade, segundo Pochmann, o ideal seria alterar o sistema tributário regressivo do país, que proporcionalmente cobra mais dos pobres que dos ricos. Ao invés do imposto indireto, que incide sobre os produtos e serviços, se arrecadaria através do imposto direto cobrado em cima da renda e propriedade, como o IPVA, IR e IPTU. Segundo um estudo do IPEA, o fim da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), teria o mesmo efeito que a implantação de três programas Bolsa Família na redução da pobreza e da desigualdade social no Brasil.
Fonte: Carta Capital.
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