A BP acaba de publicar a sua Statistical Review anual, a qual apresenta uma colecção ampla de estatísticas que abrangem as reservas de petróleo, gás e carvão, bem como a produção e consumo e muitos outros aspectos da energia global, com factos e números vitais.
É preciso ter algumas prevenções quanto à fonte dos dados pois a dimensão das reservas provadas está sujeita a muita controvérsia pois apesar da produção contínua a dimensão de algumas reservas nacionais não se reduz sem que entretanto haja anúncios paralelos de aumentos confirmados de novas reservas.
Contudo, os números para a produção nacional e o consumo interno são, para os fins desta análise, supostos serem precisos.
Produção e consumo de petróleo da Arábia Saudita
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, acaba de visitar Jeddah, juntamente com industriais de proa, numa tentativa de incrementar a produção do petróleo bruto saudita, reflectindo as suas preocupações com a escala dos preços do petróleo, que restringem o crescimento económico e levam à inflação. Em resposta, o ministro saudita do Petróleo prometeu elevar a produção em 500 mil barris por dia.
A tabela a seguir, com dados da produção, consumo interno e exportação líquida da Arábia Saudita, foi compilada a partir dos números da BP Statiscal Review:
1000 b/d | 2003 | 2004 | 2005 | 2006 | 2007 |
Produção | 10 164 | 10 138 | 11 114 | 10 853 | 10 413 |
Consumo | 1 684 | 1 805 | 1 891 | 2 005 | 2 154 |
Exp. líquida | 8 480 | 8 833 | 9 223 | 8 848 | 8 259 |
O gráfico abaixo foi desenhado a partir destes dados:
Pode-se ver neste gráfico que a produção e as exportações líquidas do petróleo saudita e atingiram o pico em 2005, ao passo que o consumo interno aumentou firmemente. De facto, as exportações líquidas reduziram-se em 10,5% nos dois anos do período 2005-2007, em que uma redução de 6,7% verificou-se em 2007.
As exportações líquidas em 2005 foram de 9223 milhões de barris por dia, em 2006 de 8848 milhões b/d e em 2007 reduziram-se para 8269 milhões b/d.
Comentários
Se Gordon Brown foi bem informado pelos seus subordinados e colegas industriais acerca da sua missão, o nível das exportações líquidas não parece ter sido discutido. A produção provavelmente já caiu para 10 milhões b/d, ao passo que o consumo interno continua a aumentar.
Tudo indica que a Arábia Saudita é incapaz de aumentar a sua contribuição para o abastecimento mundial sem restringir a sua procura interna pois, a menos que a tendência observada na BP Statiscal Review tenha mudado, a produção saudita já ultrapassou o seu pico.
Assim, é pouco provável que a missão de Gordon Brown venha melhorar o actual choque petrolífero
Nota: Os dados analisados neste artigo confirmam as previsões feitas em 2005 por Matthew R. Simmons no seu livro Twilight in Desert: the Coming Saudi Oil Shock and the World Economy .
Ver A crise anunciada do petróleo saudita , publicado por resistir.info em 27/Junho/2005.
O original encontra-se em http://www.sandersresearch.com/index.php?option=com_content&task=view&id=1360
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
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