Carlos Dória.
Por Matthew Bigg PENSACOLA, EUA (Reuters) - A raça do candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, vai complicar sua corrida pela Casa Banca, disseram os norte-americanos em entrevistas e em uma pesquisa na qual cerca de um terço deles admite ter preconceito racial.
Em entrevistas concedidas à Reuters, alguns norte-americanos reforçaram as descobertas da pesquisa Washington Post-ABC News, divulgada no domingo e que mostra que as relações raciais nos EUA estão melhorando, mas os problemas persistem.
Senador pelo Estado de Illinois que pode tornar-se o primeiro negro a ser eleito presidente do país, Obama disse na sexta-feira prever que os republicanos vão destacar o fato de ele ser negro para tentar fazer com que os eleitores tenham medo dele.
Quase metade dos ouvidos pela pesquisa disseram que as relações raciais estão em situação ruim. Três de cada 10 admitiram ter sentimentos de preconceito racial.
O levantamento foi feito para ajudar a mensurar o efeito de idade e raça na eleição de novembro, na qual Obama e o republicano John McCain vão disputar a sucessão do presidente George W. Bush, do Partido Republicano.
McCain, que completará 72 anos em agosto, se tornaria o mais velho candidato eleito no primeiro mandato da disputa presidencial dos EUA. A pesquisa revelou que há uma preocupação maior com a idade de McCain do que com a raça de Obama.
Obama tem 46 anos e é filho de mãe branca do Estado do Texas e pai negro do Quênia. Ele se classifica como um candidato que pode resolver divisões no país, incluindo as que envolvem raça.
"Os Estados Unidos percorreram um longo caminho, mas ainda não estão onde deviam estar", disse o artista Stacy Johnson, que vive e trabalha no sul do Arizona. "Mesmo que não haja mais linchamentos, a questão ainda está no fundo da mente das pessoas. Ainda há preconceito."
Cerca de 51 por cento dos entrevistados disseram que as relações raciais são excelentes ou boas, mas a diferença entre as opiniões de negros e brancos sobre raça é a maior desde as pesquisas realizadas em 1992. Os negros expressaram posições mais negativas, de acordo com o levantamento.
Avaliar o sentimento público sobre raça, especialmente entre os norte-americanos brancos, é reconhecidamente algo difícil.
Os pesquisadores dizem que alguns entrevistados parecem moderar suas opiniões para evitar revelar preconceito em um país dividido em relação à escravidão, segregação racial e discriminação iniciadas desde antes da fundação da nação, mais de 230 anos atrás.
Obama previu na sexta-feira que os republicanos, incapazes de defender seu governo na economia ou no manejo da política externa pelo governo Bush, iriam fazer uma campanha voltada para o medo.
"Eles vão tentar fazer com que vocês tenham medo de mim, dizendo: 'Ele é jovem e inexperiente e ele tem um nome engraçado. E eu mencionei que ele é negro?"', afirmou Obama.
(Reportagem adicional de Tim Gaynor no Arizona e Caren Bohan na cobertura da campanha)
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