quinta-feira, 26 de junho de 2008

MOVIMENTOS SOCIAIS - Criação de Comitê pela Cidadania.

Reunidas na manhã de quarta-feira, dia 25, organizações que se articulam na Coordenação dos Movimentos Sociais-CMS/PR, Assembléia Popular e Consulta Popular avaliaram a perigosa escalada de criminalização e violência que busca sufocar as lutas populares que se multiplicam no Paraná e no Brasil, e decidiram pela criação do Comitê pela cidadania contra a criminalização dos movimentos sociais.
Após o relato sobre o difícil momento vivido pelo povo gaúcho – vítima de um governo atolado em denúncias de corrupção e extremamente violento na repressão ao movimento social, com a colaboração do Ministério Público daquele estado – várias das organizações trouxeram ao debate episódios que nos remetem aos anos de ditadura militar. Destaque-se a absurda recomendação de um promotor do MP gaúcho pela proscrição do MST.
Os assassinatos de Keno (Cascavel) e Eli Dalemolle (Ortigueira); as prisões de lideranças camponesas nas regiões Sudoeste e Centro-Oeste; os despejos e ameaças de despejos em áreas ocupadas por sem teto em Curitiba e região Metropolitana; a repressão da PM à mobilização pela redução de jornada de trabalho, em fins de maio; o espancamento de estudantes secundaristas pela Guarda Municipal de Curitiba; perseguição a sindicalistas no Hospital das Clínicas e na Fosfertil/Bunge; punições pela ocupação da reitoria da UFPR; a proibição à entrada de jovens de periferia no Shopping Paladium; o uso freqüente do interdito proibitório para impedir o direito de greve – tudo isso soma-se à várias ações desfechadas nos âmbito legislativo, executivo e judiciário - em sintonia com os interesses dos grandes grupos econômicos - para criminalizar o movimento social e as lutas do povo brasileiro.
Diante desse grave quadro, que não restringe-se ao Paraná e ao Rio Grande do Sul – mas alastra-se por todo o território nacional - a CMS, a Assembléia Popular e a Consulta Popular decidiram criar, a partir desta quarta-feira (25), uma articulação permanente para denunciar e enfrentar esse processo de criminalização, evitando o isolamento de nossas organizações.
O comitê alerta a sociedade paranaense para que não se deixe contagiar pelo discurso raivoso da direita. Segundo a articulação dos movimentos sociais, não é de hoje que o movimento social brasileiro é tratado como caso de polícia. A direita brasileira através da grande mídia demoniza os movimentos sociais. Acusa-o de violento, de baderneiro, de fora da lei. Pretende com isso assustar a sociedade, principalmente os setores da classe média, e ganhar o seu apoio. A direita assusta-se quando o povo sai às ruas e utilizando os meios de comunicação procura criminalizar os movimentos sociais e jogá-los contra a sociedade.
O comitê destaca que o movimento social tem tido um papel civilizatório na sociedade brasileira, ou seja, é ele quem questiona as profundas injustiças e a desigualdade na nossa sociedade e propõe medidas concretas para tornar o país melhor para todos e todas e não apenas para uma minoria.
O papel e o caráter do Comitê pela Cidadania e contra a Criminalização dos Movimentos Sociais, será o de defender o povo brasileiro em suas justas reivindicações.
Ato de solidariedade
Os movimentos sociais do Paraná articulados em torno da Coordenação dos Movimentos Sociais-CMS/PR, da Assembléia Popular e da Consulta Popular realizaram na manhã desta quinta-feira(25) um ato em frente ao banco Banrisul no centro de Curitiba para protestar contra o desgoverno de Yeda Crusius e a utilização do braço armado do Estado, a Brigada Militar, contra os movimentos sociais do Estado do Rio Grande do Sul.
O ato teve ainda o caráter de prestar solidariedade aos movimentos sociais gaúchos e alertar a sociedade contra a escalada de criminalização que os movimentos populares vêm sofrendo. A escolha do Banrisul como foco do ato deve-se ainda ao fato do banco ser alvo das denúncias envolvendo-o no esquema de corrupção do governo de Yeda Crusius. Durante o ato foi distribuído um manifesto à população.
Eis o manifesto.
PELA CIDADANIA E CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), bateu seu próprio recorde na repressão contra os movimentos sociais organizados. Seu governo até então era conhecido por perseguir acampamentos de trabalhadores sem terra, em ações comandadas pelo truculento coronel Paulo Roberto Mendes. Porém, desta vez a capital gaúcha foi o palco de violência contra estudantes e trabalhadores do campo e cidade. Uma marcha de 2000 pessoas contra a corrupção, no centro de Porto Alegre, foi reprimida. Foram presos 17 manifestantes. Outros 17 ficaram feridos.
A política de controle e militarização contra os movimentos não foi à toa. Yeda Crusius vem sendo acusada de corrupção pelo próprio vice-governador: R$ 90 milhões teriam sido desviados do banco estatal Banrisul, em vias de privatização sob a tutela da governadora – 43% do Banrisul estão em mãos de Itaú e Bolsa de Valores de São Paulo.
Seu governo está em cheque: movimentos sociais como a Via Campesina denunciam a relação entre Crusius e transnacionais como a Aracruz Celulose, empresa responsável por devastação ambiental, doadora da campanha da governadora. Juntas, Aracruz e Votorantim doaram R$ 500 mil para um governo marcado pela privatização de todos os serviços. Ao lado de Yeda, Ministério Público e o comando da Brigada Militar têm feito declarações agressivas contra os movimentos sociais. Criminalização que acontece de norte a sul do país, do Pará ao Paraná.
Em Curitiba o quadro também é preocupante. Reunidas no dia 25, organizações como a Coordenação dos Movimentos Sociais-CMS/PR, Assembléia Popular, Intersindical e CUT, avaliaram a perigosa escalada de criminalização que busca sufocar as lutas populares. Diante desse grave quadro, decidiram criar uma articulação permanente para denunciar e enfrentar a violência, evitando o isolamento das lutas. Assim, fica criado o Comitê pela Cidadania e contra a Criminalização dos Movimentos Sociais.
Fonte: Blog Brasil de Fato.

Nenhum comentário: