O novo líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida, começa sua atuação com um equívoco que não ajuda o país. Publica um artigo hoje, no Estadão, onde, para defender a volta das regras antinacionais de exploração de petróleo criadas por Fernando Henrique Cardoso – na verdade nem a volta, pois elas continuam aí, mas sua extensão ao riquíssimo pré-sal – alega que com FHC o crescimento da produção de petróleo foi de 10% ao ano, contra 3% no Governo Lula.
Não fica bem a um geólogo de profissão errar feio nas contas – e pior ainda, no raciocínio.
No final do sétimo ano de FHC a produção brasileira era de 1590 mil barris/dia. Agora, os últimos dados disponíveis, registram 2,31 mil barris/dia. Isso dá uma média anual de perto de 6%, não de 3%.
Depois, o Dr. João Ameida, como geólogo, certamente sabe que crescimento de produção de petróleo não é como crescimento de produção de cachorro-quente, em que a gente pede a alguém na padaria e comprar o dobro de pães e de salsichas. Segue um plano, que tem a ver com a quantidade de reservas, investimentos caros demorados em prospecção, operação e transporte e até mesmo variáveis segundo o tipo de óleo, capacidade de refino, etc…
Então, para auxiliar o novo líder tucano em seu raciocínio sobre a Petrobras, coloco aqui o link para um trabalho publicado nos Anais do 3° Congresso Brasileiro de P&D em Petróleo e Gás, em 2005, desenvolvido por três especialistas do Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ, de onde retirei o gráfico que publico neste post.
Basta o Dr. João olhar e ver que os números alcançados batem, com um ano de antecipação, a meta fixada para 2010.
Seria interessante que ele lesse, também, a observação dos autores de que “o intervalo temporal entre a descoberta e a entrada em produção de um campo, é de cerca de sete anos” e que, portanto, o pré-sal não está incluído nestes números. Não será difícil, para ele, um especialista, entender um estudo que até um leigo como eu conseguiu compreender.
Quem sabe, o novo líder tucano, com a sua formação técnica, ajude a superar a ignorância dos que querem entregar a galinha dos ovos de ouro negro à raposas internacionais.
Fonte: Blog "Tijolaço", do Brizola Neto.
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