Valor Econômico mistura números e eleva prejuízo de Pasadena para US$ 2 bi

Jornal GGN -  Em geral mais objetivo nas suas matérias, o jornal “Valor Econômico” pouco a pouco parece abrir mão do rigor jornalístico, igualando-se aos demais jornais na falta de apuração correta dos dados.
Sob o olho “Análise”, a matéria "Ex-presidente tenta blindar a estatal" é eivada de erros técnicos, erros graves de informação e de interpretação:
Erro 1 – afirma que a Petrobrás “jogou pelo ralo” US$ 2 bilhões com a compra da refinaria Pasadena. Todas as denúncias até agora divulgadas não chegam perto desse número.
Erro 2 – na hora de contabilizar o que considera prejuízo total, a matéria soma US$ 485 milhões pagos pela refinaria, mais US$ 340 milhões pelos estoques de óleo cru, mais US$ 340 milhões por multas, juros e honorários dos advogados. Mesmo descontando-se erros primários de contabilização de prejuízos, o total é US$ 825 milhões, longe dos US$ 2 bilhões informados.
Erro 3 – Sem nenhuma explicação, dobrou o valor contabilizado como garantias bancárias, juros, honorários e despesas processuais - dos originais US$ 173 milhões para US$ 355 milhões. Não separou o que é prejuízo efetivo (multas, honorários de advogados) do que é despesa inerente à operação.
Erro 4 - Trata como prejuízo US$ 340 milhões pagos por estoques de petroleo, sem considerar que estoques são refinados e revendidos no mercado.
Erro 5 – Trata como escândalo cláusula do acordo de acionistas que previa prêmio de 20% para a Astra Oil (sobre o valor original negociado) caso ela saísse do negócio e deixasse a Petrobras no controle. Ignora ser hábito consagrado no mercado o chamado “prêmio de controle” – isto é, pagar mais por participação que permita o controle acionário.
Erro 6 – Para criticar o prêmio, a reportagem refere-se a entrevista de José Sérgio Gabrielli. Mas ignorou todas as explicações dadas por ele, sobre as condições do mercado no momento da compra (que tornavam a compra atraente), depois da compra, com a crise de 2007 (tornando a refinaria desinteressante) e, mais recentemente, com as mudanças no mercado de petroleo (tornando novamente a refinaria rentável).
Erro 7 – Na hora de contabilizar prejuízos, não levou em conta o valor atual da refinaria, que produz 100 mil barris diários de derivados de petróleo e opera com lucro.
Erro 8 – Menciona “evidências encontradas até agora nas dezenas de documento relacionadas à compra da refinaria que tornaram públicas negociatas”. A matéria não explica o que considera como “negociatas”. Os documentos até agora divulgados não trazem menção a nenhuma “negociata”. No máximo, cláusulas de negócio que poderiam ser classificadas ou como usuais ou como mal negociadas.
Aqui, a matéria do jornal