Do Terra
Progresso dos cidadãos nos EUA depende dos estudos custeados por seus pais, diz Stiglitz.
O economista americano Joseph Stiglitz,
ganhador do Prêmio Nobel em 2001, afirmou ontem, terça-feira, durante
uma palestra no 7º Fórum Mundial de Cidades, que os Estados devem
desempenhar o papel que lhes corresponde no planejamento das cidades ao
considerar que o sonho americano, modelo que deixa as urbes nas mãos dos
mercados, é um mito.
"O Estado tem que desempenhar um papel
importante. O que me preocupa é que nos últimos 20 anos perdemos esse
equilíbrio entre o papel do Estado e o do mercado", disse Stiglitz
durante a palestra no fórum que acontece na cidade de Medellín, na
Colômbia.
Para o economista, as cidades americanas
de Detroit e Gary - lugar onde nasceu - são urbes "que fracassaram
porque os governos não fizeram o que tinham que fazer" e as
consequências da desindustrialização, de automóveis e aço
respectivamente, as condenaram. "Os mercados não tratam bem a
reestruturação urbanística", disse.
Além disso, questionou o sonho
americano, que chamou de "mito", já que o progresso dos cidadãos nos
Estados Unidos depende dos estudos custeados por seus pais, enquanto na
Europa, com modelos considerados "mais rígidos", a educação é universal.
Stiglitz contrapôs o modelo dessas
cidades americanas com a asiática Cingapura, "onde o Estado teve um
papel fundamental em seu desenvolvimento"; a inglesa Manchester,
reconvertida em polo musical, cultural e estudantil após sua
desindustrialização; e a própria Medellín.
"Em muitos países querem copiar o modelo
americano e eu quero chamar a atenção sobre isso: tenham cuidado com o
que desejam, os EUA alcançaram o maior nível de desigualdade de todos os
países desenvolvidos", disse Stiglitz, que atribuiu esse fenômeno a
decisões políticas e não só a "forças econômicas".
Durante a manhã de ontem, em entrevista
coletiva, Stiglitz alertou sobre as consequências para a Colômbia da
assinatura de um Tratado de Livre-Comércio (TLC) com seu país: estes
acordos "são elaborados para o interesse dos Estados Unidos e a favor de
outros países avançados", disse o economista.
"Se seguimos as regras do jogo dos EUA
terminamos com seus resultados negativos", acrescentou o economista.
Além disso, Stiglitz pediu que o setor público pensasse nos pobres na
hora de planejar a remodelação das cidades ou de construir novas urbes
porque "o Produto Interno Bruto (PIB) não é uma boa medida do
bem-estar".
"São os pobres que sofrem com uma cidade
mal planejada: os pobres sofrem com os transportes ruins, com a falta
de parques públicos e de habitação", disse. O Prêmio Nobel foi um dos
convidados principais do 7º Fórum Mundial de Cidades de Medellín, que
tem como objetivo buscar soluções para diminuir a crescente desigualdade
nas cidades dos cinco continentes e reverter essa tendência para a
promoção de um desenvolvimento mais igualitário.
"No Brasil o governo focou na educação,
na alimentação, na pobreza e é muito surpreendente como essas políticas
provaram ser adequadas", disse Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia
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