POR BOB FERNANDES

CPI da Petrobras engatilhada. A inflação sobe mais um degrau, o crescimento é insuficiente.
Rebaixamento do grau de investimento do Brasil por uma dessas agências norte-americanas. Abacaxis e pepinos na antevéspera de entrega da Copa do Mundo.
A súbita descoberta, e o martelar, de que o Brasil é um país de extremada violência. (Como se já não fosse há três décadas) E, claro, manchetes sobre tudo isso.
Manchetes porque não se pode brigar com os fatos, ainda que eles possam ser expostos ou escondidos ao gosto do freguês. Ou dos donos. Nesse caso, os donos jamais esconderão.
Diante de tanto, e ainda há bem mais, o índice de aprovação ao governo Dilma caiu 7 pontos no Ibope. De 43% para 36%.
Vamos por partes. Petrobras: decisões apressadas, equivocadas, inclusive na reação ao caso, são obras do próprio governo. O escândalo do Metrô de São Paulo merece CPI? Sim, já deveriam ter feito.
Suape, o porto pernambucano, pode ser que também mereça. Mas ameaçar investigá-los no bojo de uma eventual CPI da Petrobras soa a chantagem e confissão.
Do tipo: mostra o meu que eu mostro o teu.
Inflação e o crescimento: a conta têm endereços certos. Um, é o bolso de quem paga. Outro, é o prestigio de quem governa.
Lembremos: no mais das vezes o que importa não é necessariamente o fato. É a repercussão do fato, ou do não fato.
Rebaixamento: não importa se a Standard & Poor's, com digitais na crise que quebrou meio mundo em 2008, foi multada em US$ 5 bilhões pelo governo dos Estados Unidos.
Copa: cobram o Estado, mas não importa se quem fatura bilhões com a Copa, "tipo" empreiteira, não arrisca nem um centavo; seja com a arquibancada do Itaquerão ou com o entorno do Beira Rio.
Não importa que não se saiba o que realmente pensam candidatos a presidente, todos. E nem o como e com quem estão articulados para tentar superar esses desafios.
Não tem importância saber como alguém vai governar sem ser chantageado pelo PMDB e seus irmãos siameses.
O que importa agora, para o governo e o governismo, é saber como a presidente Dilma vai agir diante esse aluvião. E se vai, ou não, saber e conseguir agir.
A liderança será testada, até além do limite. Se não pode ou não soube conter o acúmulo de desafios, é a hora de mostrar que saberá enfrentá-los. Ou, que não saberá.
Se ação, ou reação, não vier com rapidez e eficácia, as pressões serão imensas. Há um mês falamos aqui do "Volta Lula" nas hostes governistas, e não apenas.
Lula diz e jura que não quer. Numa mera quimera, diante do que são a política e a vida, Lula fala em "2018".
Ou a presidente mostra ser capaz de enfrentar o que está nas manchetes como "crise do governismo" -sejam fatos ou factóides- ou problemas e pressões serão cada vez maiores.
Dilma (e Lula) certamente já sabem: está aberta a temporada de caça.