Sugerido por Cosme Henrique
Da Folha
BERNARDO MELLO FRANCO
Em encontro com intelectuais no Rio, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso brincou na noite desta
terça-feira (8) com a imagem de neoliberal. Ele afirmou que é de
esquerda, mas ninguém acredita.
"Hoje, se disser que sou de esquerda, as
pessoas não vão acreditar. Embora seja verdade. É verdade!", jurou, em
debate no Museu de Arte do Rio com o ex-ministro Sergio Paulo Rouanet.
Prestes a reaparecer na TV na propaganda do PSDB, que vai ao ar dia 17, o tucano desdenhou a pesquisa Datafolha que mostrou que 57% dos brasileiros não votariam em um candidato apoiado por ele.
"Isso não vale muito. Essas opiniões são
muito momentâneas. E não é isso que conta. O que conta é se você tem ou
não convicção", afirmou. "Em política, você não tem que contar quem é a
favor e quem é contra. Você tem que transformar quem é conta em a
favor. Tem que argumentar."
O programa do dia 17 marcará uma guinada
na relação do marketing tucano com FHC. O presidenciável Aécio Neves
promete reabilitar o ex-presidente, que deixou o poder há mais de 11
anos com altos índices de reprovação. Nas ultimas três campanhas, ele
foi deixado de lado por José Serra e Geraldo Alckmin.
Questionado sobre sua fala na
propaganda, FHC desconversou. "Gravei alguma coisa, mas não me lembro
mais, sinceramente. Nem sei se vão aproveitar. Eu nunca fiz questão de
aparecer em programa do PSDB", disse.
"Desde que deixei a Presidência, sempre
reiterei que minha visão não é eleitoreira. Não sou uma pessoa que
queira popularidade. Eu quero é ter valores, acreditar nas coisas."
Bem-humorado, FHC lembrou na palestra o
ex-presidente Hugo Chávez (1954-2013), a quem defendeu de uma tentativa
de golpe em 2002. Apesar da amizade, confidenciou que tentava não se
associar ao venezuelano, que o tratava como mestre. "O Chávez só me
chamava de 'Mi maestro'. Eu dizia para ele: 'Baixinho, por favor...'",
contou.
O tucano também brincou com a vaidade do
senador José Sarney (PMDB-AP) ao recordar a criação da lei Rouanet de
incentivo à cultura, que substituiu a antiga lei Sarney no governo
Fernando Collor.
"Na política, você tem que tomar cuidado com os egos. Fazer a lei Sarney se chamar lei Rouanet era um passo complicado..."
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