sábado, 3 de maio de 2008

BOLÍVIA - O Golpe em Marcha.

A Bolívia, um país de 1.098.581 km2, encravado no coração da América do Sul, e com uma
população de 9.627.269 habitantes, quase 70% deste total constituído de indígenas, está sob séria ameaça de um movimento separatista. Tal movimento, promovido por 15 famílias ricas, que fazem parte dos 15% de descendentes dos colonizadores europeus, conta com o importante apoio dos Estados Unidos e de alguns países europeus que tiveram seus bens nacionalizados pelo governo Evo Morales.
O centro deste movimento é o Departamento de Santa Cruz, o mais rico do país, que junto com os de Tarija, Beni e Pando, responde por 2/3 do território boliviano, 1/3 da população e quase 60% do PIB nacional. Estes quatro departamentos do total de nove, formam a região da "media luna" e lutam para estabelecer um estado independente, dentro do próprio Estado Boliviano.
O governo do Presidente Evo Morales, do mesmo modo que a OEA e a ONU, consideram que o referendo sobre o estatuto autonômico de Santa Cruz, marcado para amanhã, 4 de maio, é não só ilegal como inconstitucional, e contém disposições racistas.
A verdade é que a minoria oligárquica, que ao longo da história, sempre deteve grande poder econômico e controle da grande mídia, como ocorre no Brasil, nunca aceitou ser governada por um líder camponês e além de tudo indígena.
Tal minoria acusa o governo Evo Morales, de dilapidar os recursos do Estado, com seus programas de inclusão social e de se apropriar da arrecadação de impostos oriúnda da recuperação das fontes de energia do solo boliviano. Também não concorda que o programa de reforma agrária seja estendido por todo o país. Cabe lembrar, que na região da "media luna", estão situadas as grandes propriedades agrícolas do país, com predominância da soja transgênica, e que 30% da área plantada com esta leguminosa, pertencem a brasileiros. Lá também estão os principais campos de gás, sendo a Bolívia detentora da segunda maior reserva, logo atrás da Venezuela.
A democracia boliviana, neste país, o mais pobre da América do Sul, com 64% dos seus habitantes vivendo abaixo da linha da pobreza, está em perigo. O mínimo que se espera, é que a comunidade internacional não permita a criação de um novo Kosovo, que foi imediatamente reconhecido pelos Estados Unidos, devido seus interesses estratégicos na região. Os americanos são os maiores interessados em desestabilizar os países do Pacto Andino, do qual, além da Bolívia, fazem parte também, entre outros, o Equador e a Venezuela.
Carlos Dória

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