sábado, 17 de maio de 2008

MEIO AMBIENTE - Agropecuária é responsável por desmatamento.

Como sabemos, a lógica da pecuária na região amazônica consiste em ocupar terras, de uma maneira geral de forma ilegal, derrubar a mata, vender a madeira e, com o capital obtido, converter a área para a criação de gado.

Abaixo, publicamos o artigo do jornalista Felipe Lessa, da redação do Projeto Brasil, que corrobora o que acima escrevemos.

Estudo revela que avanço da agropecuária é responsável por desmatamento.

O Brasil possui o segundo maior rebanho comercial bovino do mundo, com cerca de 205 milhões de cabeças. A pecuária extensiva é predominante no país, ou seja, existe um hectare de pasto para cada animal. Além disso, as terras mais baratas do Brasil não estão mais na região sul e sudeste do país, mas sim no cento-oeste e norte - o que tem incentivado a expansão da pecuária nessas regiões. Com isso, desmata-se para abrir mais pasto para um rebanho que não pára de crescer - passou 26,6 milhões para 70 milhões nos últimos quinze anos somente na região amazônica. De acordo com o estudo “Causas do desmatamento na Amazônia brasileira”, realizado por Sérgio Margulis, economista especializado em meio-ambiente do Banco Mundial, a expansão da pecuária é a principal causa do processo acelerado de desmatamento na Amazônia. Atualmente 75% da área desmatada é ocupada por gado. A principal vantagem da pecuária é econômica: com os preços relativamente baixos das terras no Brasil, criar gado de modo extensivo tem custos de produção de até 30% inferiores aos da extensiva. Além disso, com custos baixos a carne brasileira consegue um valor de mercado mais competitivo, tanto no mercado da região sudeste (responsável por mais de 60% do consumo da carne produzida na Amazônia) como nos mercados internacionais. “Desmata-se, degrada-se o solo com o pisoteio do gado e com a falta de manejo. Então, derruba-se mais floresta para abertura de novos pastos. Estamos destruindo cerca de 24 mil km2 de mata nativa por ano, o que equivale a 5,4 campos de futebol do Maracanã por minuto”, diz o estudo. Fora as questões ambientais, a pecuária em pouco contribui para o desenvolvimento econômico, pois trata-se de uma cultura que utiliza pouca tecnologia. “O modelo regional de pecuária não gera desenvolvimento, principalmente por sua má distribuição de renda e promoção de concentração de terras. O IDH das cidades com grandes rebanhos é similar aos dos países mais pobres do mundo”, afirma.Os empregos gerados pela pecuária também são poucos se comparados a outras culturas. Isto se deve ao fato de o modelo ser baseado em grandes latifúndios - que por natureza emprega menos do que modelos baseados na agricultura familiar. Na Amazônia, para 1000 hectares, a pecuária emprega uma pessoa, enquanto a agricultura familiar, 100 pessoas e uma agrofloresta.A necessidade de reconhecer a lógica privada e empresarial do processo atual de ocupação da Amazônia está entre as principais políticas sugeridas pelo estudo. Com isso seria possível reorientar o foco das políticas para os pecuaristas como agentes motores do processo dos desmatamentos, reconhecendo seus interesses e os benefícios econômicos privados. Por fim, acredita-se que tendo em conta o “desconhecimento dos custos ambientais e as incertezas associadas à irreversibilidade dos efeitos de decisões presentes, formular políticas que contenham os desmatamentos nas áreas de fronteira ainda intocadas e que estimulem a intensificação da agropecuária nas áreas consolidadas”, explica o estudo.

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