Com as novas descobertas de campos gigantescos de petróleo, o fator indutor da Petrobrás no desenvolvimento da indústria nacional de equipamentos petrolíferos fica até difícil de mensurar.
A Petrobras vai anunciar, no segundo semestre, um plano de compras de equipamentos e insumos e equipamentos para exploração dos novos campos de petróleo da área de pré-sal, segundo informou o gerente de Exploração e Produção da estatal, José Formigli. Sem adiantar valores, Formigli afirmou, contudo, que o esperado é de aportes com cifras bilionárias. Citou como exemplo os investimentos necessários para apenas um sistema de produção, estimados entre US$ 2 bilhões e US$ 4 bilhões. Pelo gigantismo do investimento, Formigli disse que o objetivo de adiantar o plano de compras é "dar tempo à indústria brasileira se preparar para as compras que serão feitas com o início dos trabalhos nos campos". Formigli, que falou na noite de terça-feira, durante um seminário sobre os desafios tecnológicos da camada pré-sal, promovido pela Coordenação dos Programas de Pós-graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), considera importante que a indústria brasileira comece a produzir no país materiais que hoje só podem ser comprados no Exterior.Ouvido na quarta-feira pelo DCI, o professor Segen Farid Estefen, diretor de Tecnologia e Inovação da Coordenação dos Programas de Pós-graduação em Engenharia da UFRJ, garante que o País já possui as principais empresas do setor petrolífero, preparadas para esse esperado crescimento da demanda. Citou, como exemplo, o grupo francês Technip-Coflexip e o britânico Wellstream. "Essa expansão vai depender da fase de estudos, que deve durar até a metade do ano que vem. No momento, os principais equipamentos necessários são as sondas de perfuração especiais para este tipo de projeto", adiantou Estefen. Segundo o professor, estas sondas são alugadas no Exterior, a um custo diário de cerca de R$ 300 mil.O especialista Alberto Machado, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e diretor de Petróleo, Gás e Petrolíferas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), disse que as empresas têm um tempo hábil para desenvolver novas tecnologias de equipamento, conforme os estudos vão progredindo. "É preciso desenvolver equipamentos mais resistentes para as condições de exploração a mais de cinco mil metros de profundidade", explica. Segundo Machado, o Brasil é um dos pioneiros neste tipo de exploração e, em um primeiro momento, o cenário é o melhor possível. "Foi descoberto óleo em todas as perfurações realizadas. Temos no País empresas top de pesquisa no setor, como o grupo norueguês Aker Kvaerner", afirmou. Além de novos equipamentos, a exploração dos novos campos vai estimular a construção de plataformas petrolíferas. "Os pólos de cidade como Rio Grande (RS), Recife (PE) e Angra dos Reis (RJ) devem ser ampliados, com esse deslocamento de foco da Bacia de Campos para a de Santos", disse o professor Estefen.O Pão de Açúcar - na Bacia de Santos, do qual fazem parte Tupi e Carioca - é a maior descoberta de petróleo no Hemisfério Ocidental desde o campo mexicano de Cantarell, há três décadas. A Petrobras disse que serão necessários pelo menos três meses de perfuração para avaliar o depósito de Carioca, de onde é estimada uma oferta de 33 bilhões de barris, além dos cerca de 8 bilhões esperados de Tupi. Essas descobertas podem permitir que a Petrobras pague rendimentos menores que suas rivais maiores, como a BP Plc e a Petroleos Mexicanos, disse Stefano Costagli, gestor de fundos da Vegagest SGR SpA, sediada em San Miniato, Itália, que tem US$ 3,9 bilhões em investimentos. O petróleo do campo de Tupi pode valer mais de US$ 900 bilhões, aos preços atuais.Para tamanhos investimentos, a Petrobras tem admitido revisões de metas e de investimentos. A meta de produção para o ano, prevista inicialmente em dois milhões de barris/dia, será refeita até julho. Além disso, a estatal pode quadruplicar a venda de bônus para ajudar a financiar a exploração das descobertas na Bacia de Santos. "Queremos nos tornar emissores mais freqüentes nos próximos quatro anos", disse o executivo financeiro da Petrobras, Almir Barbassa. Ele informou ter passado três meses cortejando investidores, de Boston ao Barein, enquanto a empresa preparava a venda de US$ 3,6 bilhões em bônus este ano. A Petrobras emitiu menos do que US$ 800 milhões, em média, entre 2001 e 2007. A Petrobras tem planos de aumentar a emissão de papéis em US$ 11 bilhões este ano, excluindo resgates, para explorar os depósitos, que podem transformar o Brasil no sétimo maior exportador do mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário