O ex-presidente cubano Fidel Castro manifestou "desprezo pela enorme hipocrisia" da decisão da União Européia (UE) de suspender as sanções contra a ilha, em artigo divulgado nesta sexta-feira pelo governo da ilha.
"Na minha idade e em meu estado de saúde, não se sabe quanto tempo vai viver, mas a partir de agora desejo expressar meu desprezo pela enorme hipocrisia que contém tal decisão", afirma Fidel.
A polêmica de Fidel Castro com a UE envolve a detenção de sete dissidentes cubanos na Província de Matanzas, menos de 24 horas depois que o bloco europeu levantou as sanções contra Cuba por perceber melhoras na situação humanitária da ilha.
A UE estabeleceu sanções diplomáticas em 2003 contra o regime cubano devido à captura de 75 opositores condenados a penas de até 28 anos de prisão.
Suspensão
A UE decidiu suspender na quinta-feira (19) as sanções diplomáticas impostas ao regime cubano e abrir um diálogo político incondicional. A decisão e seus resultados serão revistos dentro de um ano.
A medida tem um valor mais simbólico do que efetivo, já que as sanções não são econômicas, mas diplomáticas, proibindo visitas oficiais de autoridades cubanas --as sanções já haviam sido parcialmente suspensas em 2005. A medida passa a vigorar a partir da próxima segunda-feira.
"Os ministros das Relações Exteriores da UE decidiram, por unanimidade, suspender definitivamente as medidas de 2003 e iniciar uma etapa de diálogo não condicionado e não limitado (...)", disse o chanceler da Espanha, Miguel Ángel Moratinos.
Para Cuba, era indispensável que o bloco suspendesse completamente as sanções antes do estabelecimento de um diálogo com as autoridades européias.
Com a suspensão das sanções, a UE pretende facilitar um processo de diálogo político "global, aberto, recíproco, incondicional, não discriminatório", sobre "todas as questões de interesse mútuo" e "voltado para obtenção de resultados", em conformidade com as "mudanças empreendidas pelo presidente Raúl Castro".
A comissária da UE para Relações Exteriores, Benita Ferrero-Waldner, disse que o bloco sentiu que devia encorajar o país a realizar mudanças, após Raúl Castro ter se tornado o líder do país, no lugar de seu irmão, Fidel.
"Haverá uma linguagem muito clara sobre o que os cubanos ainda devem fazer (....) libertando os prisioneiros e realmente trabalhando nas questões de direitos humanos", disse a jornalistas durante cúpula da UE. "Haverá uma espécie de revisão para ver o que de fato aconteceu."
Com Efe
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