A polêmica sobre a responsabilidade do governo americano nas torturas cometidas contra supostos terroristas reaparece nesta sexta-feira (20) nas páginas de alguns jornais impressos do país, depois de novas revelações a respeito.
Investigações no Senado e evidências médicas dos maus-tratos, além de declarações de advogados, chamam a atenção de políticos, meios de comunicação e representações de direitos humanos.
As críticas à administração do presidente George W. Bush, que opta pelo silêncio ou se defende do fogo cruzado com justificativas isoladas, voltam a figurar no centro do debate político sobre a questão.
Uma audiência no Comitê de Serviços Armados do Senado revelou informes que demonstraram o papel do Pentágono na criação de técnicas violentas de interrogação, e a posterior emissão de ordens para aplicá-las em Abu Ghraib, Guantânamo e Afeganistão.
Parlamentares como o democrata Carl Levin, líder do grupo senatorial, questionaram aos comandos militares por manipular os acontecimentos e autorizar os abusos.
"Algumas pessoas trataram de fazer-nos achar que as injustiças cometidas foram obra de alguns maus-caráteres, que agiam por conta própria, mas agora sabemos bem a verdade", sentenciou Levin.
A divulgação do estudo Leis Violadas, Vida Rompidas, executado pela entidade Médicos pelos Direitos Humanos (PHR, por suas siglas em inglês), gerou novo impacto na sociedade americana.
Especialistas dessa organização não governamental encontraram seqüelas de torturas em 11 ex-prisioneiros de prisões no Iraque, Afeganistão e no campo de concentração de Guantânamo, área ocupada pelos Estados Unidos contra a vontade das autoridades e povo cubanos.
De acordo com a PHR, o exame dessas pessoas demonstrou golpes, abusos sexuais, descargas elétricas e privações de sono cometidas contra elas.
Enquanto isso, o advogado militar William Kuebler atiçou a polêmica com suas denúncias sobre o acontecido em Guantânamo.
"Realmente cheira mal a maquinaria jurídica apoiada na tortura, implantada ali pela administração Bush", lamentou o defensor de Omar Khadr, um dos supostos terroristas encarcerados.
Segundo o jornalista William Glaberson, apesar de sua condição de militar, Kuebler converteu-se num dos mais fortes críticos das ilegalidades promovidas pela Casa Branca no controverso encontro.
Entre as poucas respostas oficiais ao debate nacional está a de um porta-voz do Pentágono, que assegurou que os indivíduos confinados em prisões sob controle estadunidense são tratados "humanamente".
"A atenção médica dada a esses detentos é similar à recebida por nossas tropas", declarou o porta-voz J. D. Gordon.
Agência Prensa Latina
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