quinta-feira, 12 de junho de 2008

ELEIÇÕES AMERICANAS - Meses Fascinantes

Bristol (EUA) – Embora seu candidato John Mcain tenha expressamente declarado que apóia uma legislação para reduzir em quase 70% a emissão dos gases do efeito estufa até o ano de 2050, o Partido Republicano mais uma vez valeu-se do “filisbuter” para derrotar uma iniciativa neste sentido no Senado, retardando-a até o próximo ano. Ano em que, para felicidade geral dos povos, George W. Bush, o mais desprezado presidente da história dos Estados Unidos, tanto nacional quanto internacionalmente, já não estará no poder. Mas se o novo presidente for John McCain, conseguirá ele domar seu próprio partido e impedir que os republicanos continuem a sabotar as medidas necessárias para reduzir o aquecimento global?Ou McCain estará apenas fingindo, quando diz apoiar a legislação necessária? Afinal, ele se opôs ao corte de impostos para milionários, no início da administração Bush, apenas para voltar atrás e apoiá-lo com entusiasmo quando viu ser fundamental para garantir sua escolha nas primárias do Partido Republicano.McCain gosta de se fazer passar por “maverick” – isto é, um político imprevisível, capaz de contrariar a linha partidária – mas no ano passado votou 95% das vezes no Senado com a administração Bush e, neste ano, 100% das vezes. Senador por Arizona, McCain está numa situação difícil, forçado pela ala radical do partido a apoiar a desastrosa política financeira de Bush, enquanto ao mesmo tempo assegura aos eleitores que é um candidato pela “mudança” e que seu governo representará o início de uma recuperação econômica para o país.O candidato da “mudança” é – claro – Barack Obama. Mas noticia-se que 25% das eleitoras do Partido Democrático que votaram em Hillary Clinton nas primárias recusam-se a apoiar Obama em novembro.Dizem que votarão em McCain, o que me leva a perguntar: seriam mesmo eleitoras do Partido Democrático ou operadoras da “Operação Caos”, lançada pelos republicanos? Custa acreditar que, por puro despeito, eleitoras democratas sufraguem um candidato que consistentemente tem votado contra o direito ao aborto e já se comprometeu a indicar juízes conservadores para a Suprema Corte, com o intuito de derrubar a jurisprudência de Roe v. Wade (a decisão que permitiu às mulheres a prerrogativa da escolha).Inversamente, surgiu agora no cenário uma nova e provocante possibilidade: a de que Barack Obama tenha se comprometido com Hillary Clinton (que continua a sustentar a ficção de ter ganho a “votação popular” nas primárias) a indicá-la para a Suprema Corte, caso seja eleito presidente dos Estados Unidos.Os republicanos subiriam pelas paredes como as proverbiais lagartixas profissionais. Meses fascinantes nos esperam.
Fonte: Direto da Redação, artigo de José Inácio Werneck.

Nenhum comentário: