sábado, 21 de junho de 2008

IRAQUE - A estratégia anti-EUA e as táticas da resistência.

Cinco anos depois:
A estratégia anti-EUA e as tácticas da resistência iraquiana
por Nicola Nasser [*]
Pela primeira vez desde que os EUA iniciaram a invasão do Iraque, em Abril de 2003, ressurge o vice de Saddam Hussein, Izzat Ibrahim Addouri — apesar do prémio americano de US$10 milhões oferecido pela sua cabeça.

Numa extensa entrevista a Abdel-Azim Manaf, editor-chefe do jornal egípcio Al-Mawqif Al-Arabi, que não faz parte dos principais, Izzat Ibrahim Addouri apresentou em 26 de Maio a estratégia e as tácticas da resistência iraquiana liderada pelo antigo partido dirigente, o Al-Baath.

O reaparecimento de Addouri à superfície e a estratégia de resistência que ele esboçou representam um desafio directo ao poder ocupante americano.

Manaf declarou à Associated Press (AP) que entrevistou Addouri "no campo de batalha". O "diálogo" foi conduzido "com um comandante num lugar perigoso e entre os seus soldados", na "zona de guerra" e "no campo de combate enquanto as armas estavam a falar", disse Manaf na sua introdução. Addouri falou na sua condição de "Comandante Supremo da Jihad e da Frente de Libertação, de Secretário-Geral Pan-Árabe do Partido Socialista Árabe Al-Baath e de Secretário da Região Iraque", acrescentou o editor egípcio.

Disse a AP: "Acredita-se que Addouri desempenhe um papel importante no financiamento da resistência, embora pouco se saiba sobre quão directamente ele dirija os combatentes sobre o terreno". Contudo, o poder ocupante estado-unidense, bem como o Irão e o regime aliado iraniano que Washington produziu em Bagdad após a ocupação, tem estado ansioso por subestimar o papel desempenhado por Addouri e seu partido na resistência nacional e, ao invés disso, em destacar o papel marginal desempenhado pela Al-Qaeda, a qual foi trazida pela primeira vez para dentro do Iraque graças aos EUA, e outros islamistas.

Se a história pudesse iluminar os actuais acontecimentos, a referência de Addouri a esta política de "blackout" dos media é justificada pelo precedente do planeamento americano-britânico para o golpe que derrubou o governo do líder iraniano Mohamed Mossadegh em Agosto de 1953, o qual instalou o Xá no poder.

"Um aspecto chave da trama era retratar as multidões que se manifestavam (contra Mossadegh, a qual era "uma multidão mercenária, que não tinha ideologia. A multidão era paga pelos dólares americanos) como sendo apoiantes do Partido Comunista Iraniano – Tudeh... Tal como em todas as outras intervenções militares britânicas e americanas até o colapso da URSS, o cenário da "ameaça comunista" era apresentado como História Oficial... A ameaça real do nacionalismo (e objectivos mais sujos como proteger os lucros do petróleo) foram subestimados ou removidos do quadro apresentado ao público". [Mark Curtis, "Web of Deciet," Vintage, 2003] No Iraque, a máquina de propaganda estado-unidense apenas substituiu a "ameaça comunista" por aquela da Al-Qaeda.

Manaf, na sua introdução, notou quanto Addouri era um dedicado homem religioso, muito bem versado na teologia islâmica e na história árabe, e familiar com o sufismo. Sua cultura árabe e islâmica reflectia-se extensamente nas suas respostas, as quais eram cheias de citações do Sagrado Alcorão e de dizeres de líderes históricos árabes e muçulmanos, um facto que torna a tradução da sua entrevista para o inglês uma missão por vezes impossível.

Addouri indentificou o Al-Baath como uma "organização revolucionária, uma liderança corajosa e inovadora, uma organização jihadista revolucionária armada; ele representa um exército destemido e gloriosas forças armadas".

Negando relatos dos media acerca da sua má saúde (nasceu em 1 de Julho de 1942), Addouri confirmou que "estou com boa saúde e à altura do espírito da Jihad", acrescentando que "hoje acredito que estou a imigrar para Deus e Seu Profeta" e "deixo o mundo, a mim próprio e sua fortunas por trás das minhas costas" para dedicar-me totalmente ao "serviço de Deus e da Sua Vontade" até "ou a vitória ou o martírio".

Três capítulos da resistência

"Nossa resistência e batalha com o ocupante (americano) não é nova", disse Addouri. "Ela começou durante os primeiros anos de formação do Al-Baath para expandir-se a aprofundar-se após a gloriosa revolução de 1968 (Julho) do Tammuz... Antes de 2003, o inimigo imperialista utilizava forças locais do Iraque, e algumas vezes a nação (árabe); outras vezes utilizava potências regionais para combater-nos em seu nome. Quando seus instrumentos locais e regionais fracassaram em travar a marcha do renascimento Pan-Árabe do Iraque, o inimigo americano entrou directamente no campo da luta e do combate, reuniu grandes potências e liderou a invasão e ocupação por si mesmo".

Ele identificou três etapas da resistência iraquiana à invasão conduzida pelos EUA e ocupação. " O primeiro capítulo foi a mostra oficial, quando formações regulares das bravas forças armadas enfrentaram a invasão estado-unidense; a seguir o lançamento da confrontação popular contra a invasão, a qual interliga-se com este capítulo. A integração popular, oficial e militar verificou-se imediatamente e a guerra popular de libertação começou durante a primeira semana da invasão, tal como fora planeado pela liderança e de acordo com a sua estratégia".

Durante este segundo capítulo das formações da resistência a partir de organizações civis do partido, Fedayeen Saddam e voluntários tomaram parte na execução das nossas "operações martírio". As "gloriosas mulheres do Iraque participaram nas primeiras formações da resistência popular". Algumas daquelas mulheres efectuaram "operações martírio, a primeira das quais foi a heróica operação executada por duas mulheres em Bagdad no terceiro dia da ocupação; uma outra operação foi executada por uma gloriosa mulher iraquiana em Al-Nassiriyah, ao sul do Iraque".

O "terceiro capítulo é sustentar a resistência e continuar a batalha até a libertação do Iraque".

Addouri afirmou que durante a ocupação mais de um milhão e trezentos mil iraquianos tombaram como mártires, e "até agora o número de mártires do Al-Baath nesta batalha sobe a cento e vinte mil".

Ele encara "esta revelação histórica decisiva", a qual descreve como "a batalha sagrada", como "o destino e a responsabilidade do Al-Baath assim como da responsabilidade do grande povo do Iraque e dos seus poderes jihadista nacional, pan-árabe e islâmico, e a libertação do povo da nossa nação (árabe) e da humanidade como um todo", todos os quais foram "alvejados pela invasão".

Pronto a negociar a retirada dos EUA

Addouri parecia claramente confiante na vitória e reiterou que a ocupação liderada pelos EUA já fora derrotada, e "em desespero à procura de uma saída". A resistência "destruiu a aliança do mal, cujas partes do mesmo estão a escapar uma depois da outra. Apenas Bush permanece estúpido na sua derrota", disse ele.

Respondendo a perguntas acerca da verdade dos media que relatam haver "contactos entre você e os americanos", se havia efectuado algum "directo ou indirecto com autoridades oficiais dos EUA", se "você deseja negociar com os americanos" e se a resposta for positiva "quais são seus termos de negociação", se "conduziria as negociações pessoalmente" ou autorizaria outros a negociar, se tais negociações seriam bilaterais (entre o Al-Baath e os EUA) ou em nome da "frente" da resistência, e se era certo que o resultado das negociações corresponderia ao peso real da resistência no terreno "como se costuma dizer, você não pode chegar mais longe na mesa de negociações do que a sua artilharia pode atingir", Addouri respondeu:

"Amigos e inimigos" estão muito bem conscientes da nossa estratégia, a qual foi tornada pública pelos media. O "Al-Baath não negociou com absolutamente ninguém que não reconhecesse previamente esta estratégia, e não negociará nem com a América nem com intermediários ou amigos excepto nesta base. Se o inimigo reconhecer esta estratégia nós sentaremos com eles directamente, negociaremos com eles, e ajudá-lo-emos a sair do nosso país sem perder a face e facilitaremos a sua saída. Antes deste reconhecimento, não há negociações com o inimigo ocupante".

O "Al-Baath encontrar-se-á com quem quer que seja que decida encontrar, excepto com a entidade sionista (Israel) e o governo de colaboracionistas da Zona Verde... Ficaremos felizes quando o inimigo estiver convencido da sua derrota, aceitar nossa estratégia, sentar connosco para negociar um programa para a sua execução", acrescentou.

Addouri pormenorizou a sua estratégia, indicando que "quaisquer negociações com os invasores sem isto representa uma deserção e traição, e é recusa por todas as facções da resistência nacional, pan-árabe e islâmica".

(1) Um reconhecimento público oficial da resistência nacional armada e desarmada, incluindo todas as suas facções e partidos (políticos), como o único representante legítimo do povo do Iraque.

(2) Uma declaração oficial de retirada incondicional do Iraque pela liderança estado-unidense.

(3) Declarar nula e vazia todas as instituições políticas e legislativas, bem como todas as leis e legislações emitidas por eles, desde a ocupação, com a lei da des-baathização em primeiro lugar, e compensar todos aqueles que foram adversamente afectados por eles.

(4) Uma interrupção de raids, perseguições, prisões, matanças e deslocamentos.

(5) Libertação de todos os prisioneiros de guerra, prisioneiros e detidos sem excepção e compensação a todos pelos seus danos físicos e psicológicos.

(6) Restabelecer em serviço o exército e as forças de segurança nacionais de acordo com as suas leis e regulamentos anteriores à ocupação, e compensar todos os que foram adversamente afectados pela sua dissolução.

(7) Uma promessa de compensar o Iraque por todas as perdas materiais e morais que sofreu por causa da ocupação.

Tácticas iraquianas de guerra de guerrilha

Addouri pormenorizou o seu conceito da "guerra popular de libertação e da guerra de guerrilha", aconselhou os combatentes da resistência a "aderir aos princípios e regras" desta espécie de guerra e listou quinze tácticas "mais eficazes" para ferir o inimigo. Primeiro, disse ele, "aparecer rapidamente por trás, pela frente e pelos lados do inimigo como for ditado pela natureza do lugar, tempo, clima da operação e o tipo e natureza do alvo, então atingi-lo rapidamente e desaparecer rapidamente antes de o inimigo poder ter tempo para reagir".

Segundo, "No planeamento, preparação e selecção do alvo ter o cuidado de atingir de morte o inimigo", acrescentou. Terceiro, "sua arma é a sua vida, assim tenha o cuidado de manter-se sempre pronto e longe dos olhos do inimigo e dos seus espiões". Quatro, "proteja a segurança da informação ... como uma linha vermelha ou um assunto sagrado" e não confie em ninguém "porque a confiança é infindável na sociedade". Cinco, "o inimigo é cego sem espiões, de modo que exerça todos os esforços para descobri-los e liquidá-los". Seis, "não seja levado pelas suas vitórias sucessivas" ou atraído pelo "exibicionismo" ou perca seu auto-controle com a louvação dos seus actos heróicos, jactando-se dos seus êxitos, "notando que o inimigo está a caçá-lo o tempo todo, então mantenha-se discreto, disfarçado e vigilante". Sete, "inflija as maiores perdas nas fileiras do inimigo e diminua ao mínimo as suas próprias perdas". Oito "torne as suas mãos pesadas para o inimigo durante as horas de repouso dele" e faça com que "nenhum lugar seja seguro" para eles e não lhes dê tempo para recuperar".

Nove, "as linhas de abastecimento são vitais para o inimigo", assim "concentrar-se e cortar" estas linha. Dez, "concentrar nas bases do inimigo, campos e quarteis generais dia e noite" para "romper a sua moral". Onze, "gaste o tempo que for preciso para tratar com a mais extrema precisão com os traidores e espiões para evitar ferir inocentes". Dozer, "expanda o círculo de monitoramente, acompanhamento e caça do inimigo ... de modo a que ele não nos surpreenda". Treze, "mantenha os laços tradicionais com os seus parentes, vizinhos, vizinhança e amigos e torne este laços mais profundos e mais íntimos, mas não faça qualquer deles sentir que você tem uma missão que eles não entendem" e "ajude-os a ultrapassar os pormenores duros da vida diária, os quais são demasiados nos dias hoje" de modo que eles o protegerão quando em dificuldade e não o entregarão ao inimigo; eles são "sua couraça protectora e cobertura honesta".

Catorze, "deixe a crença em Deus ... ser o nosso forte ponto de partida". Quinze, "combata pela causa de Deus os inimigos de Deus ... até que o tirania ... os invasores sejam derrotados, até a vitória completa, a libertação da pátria, e a ascensão da bandeira do 'Não há Deus excepto O Deus' e for trazida de volta a 'Bandeira de Deus É o Maior' para drapejar nos seus do Iraque", disse Addouri.

Outros excertos:

Manaf: Observa-se que a resistência iraquiana começou imediatamente após a profanação da terra do Iraque pelas forças dos EUA. Como pôde ela (a resistência) ter arrancado e crescido tão rapidamente?

Addouri: O "Partido Socialista Árabe Al-Baath é o partido do Iraque e da nação árabe ... Ele não depôs armas ou parou de combater nem uma hora dia e noite e a marcha dos seus jihadistas não cessou em tempo algum ... Ele não foi surpreendido pelo que aconteceu, mas isso aumentou ... a sua determinação de não poupar esforços para combater implacavelmente os invasores, seus fantoches e espiões quaisquer que fossem os sacrifícios e sem considerar quanto tempo levaria até a vitória completa e a libertação do Iraque".

Papel dos soldados rasos do exército

Manaf: Que papel dos oficiais e os soldados rasos das forças armadas iraquianas desempenham na resistência?

Addouri: Hoje desempenham "um papel heróico e decisivo na marcha da resistência. Além do seu papel combatente como jihadistas através das suas próprias formações ... sob a bandeira do Comando Geral das Forças Armadas, eles são, de acordo com a orientação da liderança do partido (Al-Baath) e o Comando Geral das Forças Armadas, dispersados em outras facções da Jihad onde actuam como comandantes de campo, planeadores, técnicos, fabricantes e aperfeiçoadores da maior parte das várias armas da resistência. Eles representam a alma da resistência e o segredo das suas inovações, desempenho preciso e vitórias.

Novos métodos "sem precedentes"

Manaf: O que distingue a resistência iraquiana? Como ela foi capaz de combater o ocupante em áreas abertas?

Addouri: "A resistência dependeu de regras e princípios da guerra popular e da guerra de guerrilha, após desenvolvimento dos seus métodos e tácticas de combate, e foi inovadora na sua logística e nas operações especiais. Mais importante: ela adaptou o ambiente iraquiano à guerra popular. Através da prática, desenvolveu muito regras como "mover rapidamente" de modo a fazer com que "toda a terra seja nossa e seja nossa o tempo inteiro" e manter-se actualizado em relação ao que é novo por parte do inimigo a fim de "confrontá-lo com as nossa próprias inovações".

"Criámos e inovámos novos meios e métodos sem precedentes nas guerras de libertação popular, ou mesmos nas ciências da inteligência ... Não posso entrar em mais pormenores por razões de segurança; isto é que mantém a resistência" e sua liderança como um "segredo misterioso, que humilha o inimigo, seus colaboradores e espiões".

O Al-Baath vive e ... recruta

Manaf: Estão as formações da resistência dispersas igualmente por toda a área do Iraque ou estão concentradas em certas áreas e governorados?

Addouri: "O partido tem mais de meio século no Iraque ... a organização do Al-Baath hoje ... é muitas vezes mais forte do que era antes da ocupação ... Não pormenorizarei por razões que o Al-Baath falará no devido tempo". Hoje o partido dispersa-se em todas as cidades, aldeias, planícies, montanhas e desertos do Iraque; fora do Iraque também está entre os iraquianos, estejam eles em países árabes ou estrangeiros".

Após a ocupação, apesar das "condições rígidas" para aderir ao partido e da campanha de desbaatização, "milhares aderiram ao partido, principalmente jovens entre os 16 e os 25. Dezenas de milhares de outros iraquianos aderiram às facções da resistência conduzidas pelo Al-Baath".

"No fim a Frente Nacional, Pan-Árabe e Islâmica emergiu; o Al-Baath é um dos seus pilares básicos".

Sem apoio externo

Manaf: A resistência iraquiana é única pelo facto de que não tem incubador ou apoio árabe, regional ou internacional. Como o Al-Baath fez para manter a resistência forte e em crescimento?

Addouri: "A nossa resistência ... não só não tem incubador fora das fronteiras do seu país como, o que é pior e mais amargo, é que 99 por cento das potências influentes no mundo estão tanto envolvidas directamente com o inimigo ou simpatizam com ele; o um por cento que simpatiza com a resistência virou as costas por medo dos seus inimigos, mas Deus cuidou dela e fez com que não os necessitássemos. O povo do Iraque tem proporcionado o seu dinheiro e os seus filhos; é uma fonte inexaurível".

Manaf: Alguns dizem que o papel do Al-Baath na resistência é limitado. Qual é a dimensão da resistência conduzida pelo Al-Baath?

Addouri: "O poder ocupante inimigo e os seus parceiros regionais e locais lançaram um genocídio contra os baathistas, suas famílias, apoiantes e simpatizantes. A constituição dos colaboracionistas, a qual foi preparada pela CIA, inclui um artigo racista e nazi que estipula a liquidação do Al-Baath como organização, pensamento e pessoas".

"Eles objectivam a liquidação física, destruição e deslocação do partido para os confins".

"Um dos mais importantes e perigosos métodos de desbaatização, após os assassínios e a liquidação física de baathistas, é a tentativa de censurar completamente o papel do Al-Baath no campo como um partido de resistência e uma resistência armada, e enlamear a sua imagem e o seu papel".

"Se o Al-Baath não tivesse sido iniciador da resistência, desde o primeiro dia da invasão e ocupação, e se não tivesse actuado como se fosse a sua própria batalha e a causa a sua própria causa, o mundo não podia ter assistido à emergência da mais forte resistência nacional imediatamente a seguir à invasão".

"As outras facções da Jihad que emergiram após a resistência estavam profundamente voltadas para a confrontação do ocupante e a sabotagem da sua estratégia; algumas delas foram formadas e começaram a actuar três anos após a ocupação".

Operação documentada em CDs

A "espinha dorsal" da "vasta e forte base da Jihad hoje é a resistência do Al-Baath e das forças nacionais, pan-árabes e islâmicas, com aqueles membros do Alto Comando da Jihad e da Libertação à frente, que cobrem toda a área do Iraque", desde Um-Qaser no Sul a Zakho no Norte e desde al-Qaem no Oeste a Khanqeen e Mandali no Leste.

Esta resistência está direccionada para impor um cerco mediático, económico e político ao black out das suas operações militares, actividades políticas e sua influência física destrutiva e psicológica sobre os soldados a potência ocupante e as suas forças no Iraque.

"Não vê como os invasores, colaboracionistas, traidores, espiões, renegados ... apesar das suas diferenças sobre muitas coisas, concordaram em censurar o seu papel e a sua acção e ao invés proplaram ... a afirmação de que ela (a resistência) é terrorismo?"

"Tenho documentado ao longo dos últimos cincos, em CDs, milhares de operações contra o inimigo ... ao passo que o inimigo está a destacar o papel de outros grupos, alguns dos quais foram formados directamente ou através de intermediários pela própria força de ocupação, e alguns outros foram formados por potências estrangeiras hostis ao Iraque ... que matam o povo conforme o bilhete de identidade" (Addouri referia-se às milícias sectárias formadas pelo Irão, mas não mencionou o Irão pelo seu nome).

Futuro sistema pluralista

Manaf: Como percebe o processo político em curso no Iraque? Qual é o seu comentário acerca das conferências de reconciliação sob os auspícios da Liga dos Estados Árabes?

Addouri: "Não há cessar fogo com isso ... e resistiremos qualquer que seja a entidade estabelecida sob a ocupação e ao seu serviço, a começar pelo governo de traidores na Zona Verde".

Manaf: Tem uma estratégia para administrar a direcção do Iraque após a libertação?

Addouri: Desde o primeiro dia da ocupação o Al-Baath clamou pela "unidade da resistência como uma necessidade histórica". Com esforço e persistência o partido teve êxito em formar a "Frente Nacional, Pan-Árabe e Islâmica" em 2005 e então a "Frente Jihad de Libertação para facções armadas (33 facções de resistência armada segundo ele) em Setembro de 2007. Ambas as frentes estão abertas a todas as forças anti-ocupação, armadas e políticas" para alcançar mais unidade durante a libertação e a pós-libertação.

O Al-Baath nunca adoptou a posição de partido único; ele "não acredita e recusa a teoria de um partido único". Contudo, no passado, e "por circunstâncias objectivas", ele propôs "a teoria do partido condutor".

"O Al-Baath acredita profundamente e principalmente na criação de um sistema democrático nacional pluralista no qual o poder é rodado democraticamente com base nas urnas eleitorais através de eleições livres, transparentes e correctas".

Todo desvio disto no passado "cai dentro do contexto dos erros" de marcha do Al-Baath.

Comprometido com a autonomia curda

Manaf: Qual é o seu programa para a questão curda após a libertação?

Addouri: "Estamos confiantes em que o nosso povo curdo não obterá os seus direitos nacionais e culturais ... excepto dentro da unidade de ... um Iraque livre, liberto, independente e próspero ... o partido Al-Baath continuará comprometido com a sua declaração histórica de Março de 1970 e com a Lei da Autonomia de 1974 como base para o tratamento dos direitos nacionais, culturais e políticos do nosso povo curdo do Iraque".

Manaf: Recentemente foi fundado publicamente o "Partido Liberdade e Justiça do Curdistão", anti-ocupação; que papel espera que desempenhe no Curdistão?

Addouri: Foram fundados dois partidos com o nome de partido da liberdade e justiça do Curdistão, um presidido por Johar al-Hirki, o filho de uma eminente família curdo-iraquiana, que é leal ao povo do Iraque, e o outro presidido pelo "irmão combatente" Arshad Zibari. Ambos efectuaram um bocado de sacrifícios das suas famílias e tribos contra a ocupação e em defesa da liberdade e independência do Iraque.

"O nascimento de ambos os partidos contribuirá para o fortalecimento e expansão do movimento nacional curdo contra a ocupação e seus lacaios".

[*] Veterano jornalista árabe residente em Bir Zeit, Cisjordânia, nos territórios palestinos ocupados por Israel.
Fonte: blog Resistir.

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