terça-feira, 3 de junho de 2008

MEIO AMBIENTE - Na moda e na mídia.

Artigo do jornalista Mario Augusto Jakobskind.

A questão do meio ambiente está na ordem do dia. Ninguém hoje mais tem dúvida de que o planeta está ameaçado pelo tipo de desenvolvimento adotado nos mais diversos rincões. No Brasil, sem dúvida, o tema central fica por conta da Amazônia, região cobiçada pelas potências industriais. Volta e meia aparece um dirigente afirmando que a Amazônia, que corresponde a quase 60 por cento do território brasileiro, pertence à humanidade. De François Mitterrand a Mikhail Gorbachev, passando por Al Gore, todos já repetiram o refrão. Alguns setores que nunca se preocuparam com os 25 milhões de brasileiros vivendo na Amazônia ou se manifestaram contra a aquisição de terras da região por estrangeiros, de repente tornaram-se “protetores” da área. Estes recém convertidos ao nacionalismo elegeram os índios como bodes expiatórios. Em seus pronunciamentos se revelam preconceituosos e racistas contra estes brasileiros cujos ancestrais já ocupavam o território bem antes da chegada dos colonizadores portugueses.A questão da reserva da Raposa do Sol e a ação dos seis grupos de plantadores de arroz que insistem em não deixar as terras indígenas estão agora sub judice. Volta e meia surgem “advertências” segundo as quais territórios de nações indígenas vão se separar do Brasil. Há muitos anos que esta conversa circula, mas concretamente nada acontece. Pelo tempo, se os territórios tivessem que se separar do Brasil isto já teria acontecido. Os “nacionalistas”, além de preconceituosos têm uma visão colonizada. Para eles o conceito de nação indígena é o mesmo de nação no sentido Ocidental. Nesta semana que passou a questão do meio ambiente praticamente dominou o noticiário nacional com a posse do novo Ministro da área, o carioca Carlos Minc, considerado por Lula o Amarildo entrando no lugar de Pelé, a ex-Ministra Marina Silva. A mídia deu grande destaque ao colete verde de Minc. O novo Ministro se apresenta como defensor incondicional do meio ambiente. Mas sua gestão na Secretaria de Meio Ambiente do governo Sergio Cabral é colocada em dúvida por defensores do meio ambiente. Antes de fazer qualquer julgamento a respeito de Minc é necessário ter informações sobre o que aconteceu no Estado do Rio em matéria de meio ambiente desde a posse do governador Cabral, a 1 de janeiro de 2006. Para se ter uma idéia, na semana que passou o Tribunal Popular dos Povos, reunido em Lima, condenou a empresa alemã Thyssen Krupp e a Vale do Rio Doce, que por uma questão de marketing passou a se chamar Vale, pela ação no porto de Sepetiba. Naquela área está se construindo uma mega-siderúrgica, coqueria, uma termelétrica a carvão altamente poluente e um porto privado da CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico) de propriedade da empresa alemã Thyssen-Krupp e da desnacionalizada Vale. Só agora, depois de dois anos de sucessivas denúncias a diversos órgãos públicos estaduais e federais é que estas graves irregularidades começam a ser averiguadas e constatadas. A obra está embargada desde dezembro do ano passado, mas continua operando normalmente apesar dos graves malefícios ao meio ambiente que provoca, para não falar dos prejuízos à pesca e ao turismo. Mas onde entra o Amarildo nesta história, ou melhor, o agora Ministro Minc? Segundo o ecologista Sergio Ricardo, o pirotécnico Carlos Minc foi omisso e conivente com os crimes ambientais e desmandos em Sepetiba. E por que será? Lembra Sergio Ricardo que a Vale foi a maior financiadora da campanha do governador Sergio Cabral, além de diversos candidatos ao Senado, à Câmara dos Deputados e à Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Os dados são oficiais. Como se não bastasse, o mesmo Minc quando secretário estadual do Meio Ambiente, lembra Sergio Ricardo, reduziu a área da Mata Atlântica de Parque Estadual beneficiando a especulação imobiliária, a privatização de praias e dunas por resorts estrangeiros de alto luxo e assim sucessivamente. Se acham que parou por aí o desrespeito ao meio ambiente, enganam-se. Minc tinha aprovado, quando deputado estadual, uma importante lei que limitava em todo o território fluminense as plantações de eucalipto por considerar este plantio prejudicial ao meio ambiente. Tão logo foi nomeado pelo Governador Sergio Cabral para a Secretaria do Meio Ambiente, o defensor do meio ambiente deu uma guinada de 180 graus e passou a apoiar a revogação da legislação de sua autoria aprovada pela Assembléia Legislativa. A Aracruz ficou imensamente agradecida a Minc, pois com isto a compensação com o reflorestamento baixou de 30 hectares para 10 hectares de mata nativa para cada cem de eucaliptos.Não percam por esperar o que vem por aí em matéria de marketing verde no Ministério do Meio Ambiente.
Fonte: site Direto da Redação.

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