Esta empresa é aquela que atua no Iraque e recentemente teria comprado aviões da "nossa" Embraer.
Tania Navarro Camacho, San Diego, Estados Unidos.
As manifestações pela cidadania e a demanda legal apresentada pela cidade de San Diego não conseguiram barrar os planos da companhia de segurança privada Blackwater Worldwide de instalar-se na fronteira entre Estados Unidos e México. A controvertida empresa, com sede na Carolina do Norte e dedicada ao recrutamento, capacitação e serviço de segurança nos moldes militares de clientes públicos e privados, entre eles o governo federal dos Estados Unidos, fixou-se na região por interesses não revelados.
"Algo cheira mal quando vemos que uma empresa como a Blackwater quer instalar-se numa comunidade às escondidas, sem prestar satisfação e sem informar quais são seus verdadeiros propósitos", disse a Terra Magazine o jornalista norte-americano Jeremy Schaill, autor do livro Blackwater: The Rise of the Most Powerful Mercenary Army (Blackwater: a ascenção do exército mais podereoso e mercenário).
Após o ano de 2007, quando a comunidade do povoado Potrero, localizado no extremo leste do condado de San Diego, frustrou aos interesses da companhia de construir um centro de treinamento, Blackewater mudou de estratégia e deu início aos trâmites para adequar suas instalações ao parque industrial de Mesa de Otay, situado a apenas 500 metros da fronteira dos Estados Unidos com Tijuana, no México.
No último mês de abril, o departamento de Serviços Urbanos do condado de San Diego, deu a entender que, valendo-se do nome de empresas construtoras, Blackwater solicitou de maneira arbitrária as permissões de construção e operação de um centro de capacitação sob o disfarce de "escola vocacional". Ante a irregularidade no trâmite e a pressão que exerceram as organizações civis e o setor empresarial, as autoridades locais demandaram a saída da companhia, que interpôs uma queixa legal, argumentando que ao atrasar sua abertura colocava em risco o contrato firmado que lhe permite ensinar fundamentos da Marinha no endereço localizado em Mesa de Otay.
Surpreendentemente, na quarta-feira dia 3 de junho, a Juíza Federal Marilyn Duff entregou a aprovação para que Blackwater iniciasse suas atividades no centro de capacitação militar, que conta com uma área para a prática de tiro. Esta ação foi lida pelo jornalista Jeremy Schaill e por ativistas sociais como um dos tantos favores do governo federal a Blackwater. "É fácil supor que a empresa pretenda iniciar suas operações em Otay para depois expandir-se por outras zonas do condado e do Estado; é o que já fizeram em outras regiões", argumentou o Schaill, que também se referiu ao caso do assassinato de 17 civis no Iraque, fato pelo qual funcionários da Blackwater e a própria empresa estão sendo investigados.
Da mesma forma, Schaill indicou que recentemente Gary Jackson, presidente da organização, apresentou-se ante o Congresso da nação para propor um projeto de privatização da Patrulha de Fronteira; argumentou que, por ser treinada pela Blackwater, esta corporação representaria um custo mais baixo no orçamento público e teria melhores resultados. "Não podemos permitir que neste momento que vive a história fronteiriça, com tanta xenofobia e racismo contra os imigrantes, aconteçam coisas assim", pontuou o jornalista.
As instalações de Blackwater em Mesa de Otay já se encontram em funcionamento, e a latente ameaça de suas intenções por blindar a fronteira e tornar-se exterminadora de imigrantes seguramente impulsionará a realização de mais manifestações contrárias a ela, asseverou o ativista Pedro Ríos, diretor do Comitê de Serviços dos Amigos. Ríos, Schaill e outras centenas de cidadãos acudiram ao chamado por manifestar em volta do centro de capacitação, que brilha rejuvenescido com uma faixa institucional que estampa a seguinte legenda: "orgulhosamente, servindo a Força Naval dos Estados Unidos". O regente Benjamin Hueso e o congressista federal Bob Filner oficializaram seu apoio à causa.
Por sua vez, Nativo López, presidente nacional da Associação Política México-Americana (MAPA), assinalou que embora a administração federal do presidente Goerge W. Bush facilite o crescimento da corporação de segurança privada na fronteira sul do país, "a comunidade deve se opor e continuar com a luta". Para López, "Bush já tem as 'patitas' na rua, e o povo deve se mobilizar para desmascarar as pessoas que deram permissão para que Blackwater chegasse aqui. Devemos continuar até acabar com a Blackwater", arremata.
Fonte: Terra Magazine.
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