O planeta atravessará um choque petrolífero de longa duração. Pelo menos é isso que se conclui da leitura do relatório anual de energia da BP, que dá conta de um aumento do consumo - apesar dos preços altos - e de uma inesperada quebra da produção, pela primeira vez nos últimos cinco anos.
Reservas garantem petróleo para os próximos 41 anos.
Os preços historicamente altos do petróleo nos mercados internacionais - na seqüência de seis anos de subidas consecutivas, a maior série ascendente de sempre - deveriam condicionar o consumo de bens petrolíferos, certo? Errado, pelo menos se tivermos em conta os valores relativos aos consumo mundial em 2007, publicados esta semana pela petrolífera British Petroleum (BP), no seu relatório anual de energia mundial de 2008, um documento que serve de referência para todos os agentes do setor.
Em paralelo com o aumento do consumo, a produção mundial de petróleo caiu pela primeira vez desde 2002. Um retrato do mercado que justifica o aperto entre oferta e procura global que está na base do salto, em apenas um ano, do preço do barril de 70 para os atuais 133 dólares. E que antevê a permanência no mercado, durante mais alguns anos, dos fatores que justificarão a atuação dos investidores especulativos que apostam em eventuais situações de óleo cru a nível mundial.
Na origem do crescimento global do consumo de petróleo estão as economias emergentes. Tendo em conta os países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), o consumo de petróleo recuou em 0,9% ou 400 mil barris por dia. Um efeito claro da escalada dos custos dos bens petrolíferos.
Mas para os números globais - que indicam um crescimento do consumo em 1,1% durante o último ano - contribuem decisivamente os países exportadores de petróleo do Médio Oriente, América Central e do Sul e África, que representam dois terços do aumento do consumo. No caso da Ásia-Pacífico, a China e Índia foram determinantes para o aumento de 2,3% registado nesta região.
Para agravar o estreito equilíbrio entre procura e oferta, a produção sofreu uma queda. O que contradiz a percepção geral de que, como os preços altos, os produtores teriam mais incentivos para investir em novas produções.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) cortou a sua produção em Novembro de 2006 e Fevereiro de 2007. A Arábia Saudita - o maior produtor mundial - passou a produzir menos 440 mil barris por dia, uma quebra ligeiramente compensada pelos aumentos verificados em Angola e no Iraque. A produção do cartel baixou, por isso, em 350 mil barris por dia, reduzindo a produção mundial em 0,2% ou 130 mil barris por dia, a primeira quebra anual dos últimos cinco anos.
Fora da OPEP, a produção permaneceu em níveis fracos, apesar do crescimento de 230 mil barris por dia em 2007. Destaque para os aumentos menos pronunciados no Azerbaijão e, especialmente, na Rússia.
Estas tendências na produção justificam a responsabilização, pelos agentes econômicos dos países mais consumidores, da OPEP pela escalada dos preços.
Preço nas mãos dos políticos
A tese que aponta para a culpa dos produtores na escalada dos preços foi reforçada pelo presidente da BP, Tony Hayward, durante a apresentação do relatório. `Fatores políticos, barreiras à entrada e impostos altos justificam a quebra da produção. Quando se fala em produzir mais, os problemas estão à superfície e não abaixo. Não são geológicos mas sim políticos`, resumiu.
Hayward referia-se a países como a Venezuela, Rússia, alguns estados do Médio Oriente e alguns países de África, onde os respectivos governos nacionalizaram ativos do sector para garantirem receitas provenientes da venda de petróleo. Por outro lado, `em vários países consumidores há mecanismos que protegem a procura das subidas dos preços, nomeadamente através de subsídios`, acrescentou o mesmo responsável, que desmistifica, assim, a perspectiva de a exploração petrolífera estar a aproximar-se do seu pico.
Petróleo para 41 anos
De acordo com o documento publicado pela BP, o mundo ainda tem à sua disposição reservas petrolíferas que permitem continuar a fornecer óleo - aos atuais níveis de produção - durante mais 41 anos. Um dado que se baseia nas reservas provadas de petróleo na ordem dos 1,24 triliões de barris. Este número permite ao líder da BP concluir que ainda é possível aumentar a produção de petróleo dos atuais 81,5 milhões de barris por dia para um número mais perto dos 100 milhões. Logo, este responsável não acredita que o preço atinja os 250 dólares por barril em 2009, conforme prognosticou recentemente o diretor executivo da russa Gazprom. `Não acredito em algumas das previsões mais apocalípticas`, adiantou, voltando a sublinhar o papel que a política dos produtores está a ter na escalada dos preços.
A responsabilização dos países produtores ganha maior consistência se tivermos em conta que, no caso do Médio Oriente, as reservas provadas permitem produzir petróleo durante mais 82 anos. As regiões mais perto do fim da produção - se entretanto não forem descobertas novas reservas - são a América do Norte e a Ásia Pacífico (14 anos, nos dois casos). Quanto à Europa e Eurásia, as reservas permitem produzir petróleo durante mais 22 anos, enquanto que em África esse prazo estende-se durante mais 31 anos.
Pedro Ferreira Esteves (jornalista).
Fonte: AEPET.
Um comentário:
Boa Noite!Eu estive a ver o seu blog! Fala bastante sobre a British Petroleum - BP!Eu estou a pesquisar para um trabalho para a faculdade sobre as Energias sobretudo sobre o Petróleo e gostaria que me informasse se soubesse ou falasse um pouco sobre o investimento que era para ter sido feito no Brasil e acabou por terminar sem tal ser feito!Gostaria de saber os motivos e alguma informação sobre isso!Obrigado se me puder ajudar agradecia!Cumprimentos aluna Rita Clara
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