domingo, 8 de junho de 2008

PETRÓLEO - Os dias da especulação com o petróleo estão contados.

Como as bolsas nos anos 90 e o mercado imobiliário entre 2002 e 2006, o petróleo vive seus momentos de glória. Este período feliz, entretanto, pode chegar ao fim. A manutenção de seus preços em níveis tão elevados parece subitamente bastante vulnerável.
Após muitos anos, enquanto outros movimentos especulativos ganharam força, finalmente sua bolha começou a inflar, na perspectiva de um forte crescimento mundial que passou a atrair dinheiro novo para investimentos em negócios com petróleo. Em seis anos, o preço foi multiplicado por sete.
A tendência parece que vai se alterar. Certamente os países emergentes continuam com seu dinamismo, mas o crescimento mundial está sendo agora sacrificado pelo preço do barril. O Fundo Monetário Internacional prevê que ele se reduzira de cerca de 5% em 2006-2007 para 3,75% em 2008-2009. A agência governamental de informações sobre energia dos EUA (EIA) espera uma elevação do consumo de apenas 1,2 milhão de barris por dia, contra uma média de 1,7 milhão entre 2004 e 2006. Por outro lado, a produção que estacionou em 2007, deverá dar um salto de 2 milhões de barris por dia em 2008.
As previsões da EIA sobre o consumo de petróleo podem parecer excessivamente otimistas. Ademais, os preços do petróleo já começam influenciar o consumo. O preço no varejo nos EUA aumentou 51% em 2007 e fez a demanda recuar em mais de 1%. Na Ásia, os governos começam a sentir dificuldades para proteger os consumidores contra a elevação dos preços. A Índia está a ponto de imitar a Indonésia e Taiwan, aumentando o preço dos derivados na bomba. Assim, mesmo em países emergentes isto pode causar redução do crescimento da demanda por petróleo.
As alterações em curso
Alterações de ordem técnica e regulamentares estão em andamento. A agência de regulação dos mercados de matérias-primas dos EUA (CFTC) está examinando as modalidades de negociação de contratos de petróleo a termo. Ela poderá chegar a classificar alguns atores neste mercado como especuladores, submetê-los à advertências por uso de margens muito altas e obrigá-los a manter suas posições dentro de limites definidos previamente. Estes `jogadores` recém- chegados ao mercado de petróleo poderão, então, bater em retirada.
A incerteza a respeito das decisões da CFTC já são, em si mesmas, uma ameaça. Sua análise tornará os investidores mais cautelosos. As tais bolhas não costumam prosperar nesse contexto.
Ian Campbell (jornalista)
LE MONDE - 04.06.08.
Tradução: Argemiro Pertence

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