As consecutivas altas no preço do barril do petróleo não são um fator determinante para viabilizar comercialmente os campos da camada pré-sal, diz Álvaro Maia da Costa, assessor técnico da diretoria de produção da Petrobras. "Quando a estatal faz o estudo de viabilidade técnica de um empreendimento não é usado o valor de mercado do óleo, mas sim o custo do óleo para o longo prazo", explica Maia. Segundo ele, a Petrobras analisa a flutuação do preço do petróleo "no tempo" e, a partir daí, a faz uma estimativa de quanto será o valor do barril em determinada época. Apesar de não revelar qual é a projeção de preço da estatal, Maia afirma que "trabalha com um valor muito mais baixo que os atuais US$ 130". Além disso, o especialista ressalta a redução de custos ocasionada pela ampliação dos conhecimento naquele tipo de extração. "Com a curva de aprendizado, otimizamos o tempo e os gastos. Por exemplo, no primeiro poço pré-sal, o de Tupi, nós levamos seis meses para fazer a perfuração - a estatal paga uma taxa diária de aluguel das sondas. Mas, na medida que você vai vencendo os obstáculos e receios do sal, a operação de perfuração é otimizada", diz o técnico da estatal. Maia esclarece que as mesmas operações que levaram seis meses na primeira experiência, agora já levam dois. "E a idéia é reduzir ainda mais esse tempo". Na pré-sal, a Petrobras já perfurou os campos Tupi, Parati, Guará, Júpiter, Bem-te-vi e Carioca. Maia afirma que um poço de perfuração pode custar de US$ 40 a US$ 60 milhões. "Mas como há grandes reservas de petróleo na pré-sal, certamente os campos serão viabilizados", acrescenta. Maia ressalta a velocidade que a Petrobras pretende viabilizar os campos. "A empresa está tomando todas as providências para colocar o mais rápido possível os campos em produção", afirma. Ainda de acordo com o assessor, "quanto mais rápido os poços forem viabilizados, mais você antecipa sua receita". A produção em grande escala na camada pré-sal está prevista para 2015, porém a Petrobras espera retirar já em 2009 petróleo de alguns poços produtores da região. As jazidas encontradas abaixo da camada de sal estão a cerca de seis mil metros de profundidade. São dois mil metros de lâmina d""água, dois mil de sedimentos e outros dois mil metros de sal. "A camada de sal é uma massa densa e impermeável. Para se ter uma idéia, o sal já foi usado até para isolar lixo atômico", exemplifica Maia. Dominar a tecnologia de perfuração da camada pré-sal foi o primeiro desafio dos especialistas. "Hoje, todos os poços na pré-sal têm perfuração vertical. Mas, para a exploração, teremos que desenvolver poços de auto-inclinação no sal", comenta. Depois, a preocupação será a de como levar o petróleo do campo até a superfície. "Todo o material usado para a extração precisa ser de aço, por ser um insumo resistente à pressão e a temperatura", comenta Maia. Os dutos que levarão o óleo até a superfície precisam ser resistente e, além disso, capazes de conservar a temperatura do petróleo extraído, que sai fervendo das rochas e chega ao topo do poço a quase 100 ºC. "É preciso ter isolamento térmico nos dutos e nos riser, que levam o óleo até a superfície". Supondo que não haja proteção térmica, o óleo se resfria e cria uma espécie de coágulo que entope os canos de transporte. "É preciso ter controle das incrustações para que não entupa os dutos".
Fonte: Gazeta Mercantil.
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