terça-feira, 17 de junho de 2008

SAÚDE - Mudanças radicais no estilo de vida melhoram genética das pessoas.

Por Will Dunham.
WASHINGTON (Reuters) - Mudanças radicais no estilo de vida tais como uma dieta mais saudável ou a prática regular de exercícios físicos podem prover não apenas um corpo melhor, como também uma melhora rápida e dramática na atividade genética da pessoa, afirmaram pesquisadores dos Estados Unidos na segunda-feira.
Em um pequeno estudo, os cientistas acompanharam 30 homens com câncer de próstata de baixo risco que decidiram não seguir o tratamento médico convencional, abrindo mão da cirurgia e das sessões de radiação ou terapia com hormônios.
Os homens submeteram-se, durante três meses, a estilos de vida totalmente diferentes, incluindo uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos, legumes e produtos de soja, exercícios físicos moderados como caminhar uma hora e meia por dia e a realização de uma hora diária de práticas de gerenciamento de estresse, tais como meditação.
Conforme o esperado, o grupo perdeu peso, viu diminuir sua pressão arterial e verificou outros ganhos em termos de saúde corporal. Mas os pesquisadores descobriram a ocorrência de mudanças mais profundas quando compararam as biópsias da próstata feitas antes com aquelas feitas depois da adoção do novo estilo de vida.
Após três meses, os homens tiveram uma mudança de atividade em cerca de 500 genes -- incluindo 48 deles que passaram a funcionar e 453 que deixaram de funcionar.
A atividade de genes capazes de prevenir doenças aumentou ao passo que vários genes causadores de doenças, tais como os envolvidos no câncer de próstata e de mama, desligaram-se, segundo o estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
A pesquisa foi comandada por Dean Ornish, chefe do Instituto de Pesquisa sobre Medicina Preventiva em Sausalito, Califórnia, um conhecido defensor de mudanças no estilo de vida para melhorar a saúde das pessoas.
"Essa é uma descoberta animadora porque, com frequência, ouvimos as pessoas dizendo: 'Ah, isso é por causa da minha genética. O que eu posso fazer?'. Bom, parece que há muita coisa que podemos fazer", disse, em uma entrevista concedida por telefone, Ornish, que possui laços também com a Universidade da Califórnia em San Francisco.
"Em apenas três meses, sou capaz de influenciar centenas dos meus genes com uma simples mudança na minha dieta e na forma como vivo. Isso é muito empolgante", afirmou Ornish. "As implicações do nosso estudo não se limitam aos homens com câncer de próstata."
Segundo Ornish, os homens evitaram o tratamento médico convencional para o câncer de próstata por motivos alheios ao estudo. Mas, ao tomar essa decisão, permitiram que os pesquisadores analisassem as biópsias de pessoas com câncer antes e depois da mudança em seu estilo de vida.
"Isso nos deu a oportunidade de ter um motivo ético para fazer repetidas biópsias em um período de apenas três meses porque eles precisariam submeter-se a isso de qualquer forma a fim de avaliar as alterações clínicas (no câncer de próstata)", disse Ornish.

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